É após uma vida dedicada à Associação de Futebol de Leiria (AFL) que Manuel Nunes deixa o cargo de presidente, onde esteve durante quase 10 anos. O crescimento desta instituição foi notável e, mesmo com a debandada de sete mil atletas durante os anos pandémicos, foi possível recuperar estes jogadores e bater um recorde de inscrições, que chegaram às 13 mil em Março deste ano. Neste terceiro e último mandato, que deixa a meio, Manuel Nunes esteve comprometido com o desenvolvimento e certificação dos clubes, a melhoria das infra-estruturas desportivas e a inclusão de todas as faixas etárias no desporto, sendo exemplo disso a recente implementação de walking football no distrito. Afirma que sai com um “amargo de boca”, sem ver concluída (apesar de já ter sido inaugurada) a Academia Desportiva dos Parceiros, onde estará concentrada toda a actividade diária da AFL, incluindo as selecções distritais, cursos de árbitros e formação de treinadores. Desde 21 de Maio que é o coordenador-geral das Comissões Permanentes da Federação Portuguesa de Futebol, um cargo onde poderá levar as necessidades de Leiria directamente até ao mais alto lugar de decisões futebolísticas. Irá ser substituído pelo vice-presidente, Carlos Carvalho.
Foram quase 10 anos de mandato, embora a sua ligação à AFL seja mais antiga. Que balanço faz do seu mandato?
São 10 anos de presidente e 15 de vice-presidente. E ainda fui jogador dos pelados. Nesta direcção, tivemos sempre uma grande preocupação com a ligação e um bom relacionamento com os clubes e instituições, como Câmaras Municipais e estabelecimentos de ensino. Temos de ter esse relacionamento. As coisas sempre funcionaram normalmente, sem grandes confusões ou percalços. Com base no apoio que a federação deu, conseguiu-se melhorar algumas instalações desportivas dos clubes. Conseguimos aumentar o número de clubes, o número de equipas e o número de praticantes. Tivemos também preocupação com o curso de treinadores, com a formação dos árbitros, com o gabinete técnico no que diz respeito às selecções distritais, mantendo uma boa relação com os clubes.
Que medidas mais se orgulha de cumprir?
As medidas são todas aquelas que tínhamos em mente e estavam a ser concretizadas. Instituímos um conselho consultivo constituído com pessoas que até estavam relativamente fora do âmbito do futebol para nos darem opinião. O que sobressai mais – e tenho pena de não ter concretizado – foi a Academia dos Parceiros. Já faltam poucas semanas para estar pronta. Para mim seria um ponto de honra deste processo. Era a cereja em cima do bolo. Tenho pena, mas não consegui. Está quase, em fase terminal, numa boa ligação entre a União de Freguesias de Parceiros e Azoia e com a Câmara Municipal de Leiria.
Fica algo mais por fazer?
Era importante para nós que os nossos clubes estivessem cada vez mais organizados, que tivéssemos mais clubes a subir de divisão, a conseguir manter o nível de rendimento adequado. Tanto nos seniores como nos escalões de formação. Que fossem consolidando toda a sua competência, melhorando e evoluindo. Era isso que sentia que era importante.
Era um desejo seu chegar à Federação Portuguesa de Futebol?
Há sempre esse objectivo. As coisas também se proporcionaram com o dr. Pedro Proença [presidente da FPF], foram conversadas há longos meses e concretizaram-se agora. Podia ter sido um bocadinho antes, mas foi agora, após a realização do nosso 96.º aniversário.
Qual será o seu papel na FPF?
Existe na federação um conjunto de comissões permanentes e não permanentes, no que diz respeito aos estatutos. A minha função é coordenar essas 19 comissões, a sua actividade semanal e mensal. Vamos fazer amanhã [último sábado] o 1.º Fórum do Futebol, que culminará com a realização, em Dezembro, de um congresso do futebol. É uma função exigente e não pára. Tem muitos assuntos e muitos temas, é preciso trabalhar com todas as pessoas.
A sua presença no órgão máximo do futebol pode levar a voz de Leiria ao local onde são tomadas as grandes decisões?
Isso levo sempre. Não me esqueço nem da associação, nem dos clubes. Nunca me esquecerei. Defenderei sempre essa perspectiva, dentro das minhas possibilidades.
O que fica deste tempo todo dedicado à associação?
Saio com o sentimento de dever cumprido. O que achava que devia ter feito, fiz. Nuns casos melhor, noutros casos pior, mas o que é certo é que as iniciativas, os projectos e os programas foram concretizados. No fundo, verdadeiramente, isto teve a ver com o bem-estar das populações onde os projectos eram aplicados. O grande objectivo de desenvolver o futebol, o futsal, o futebol de praia e o walking football é que as populações estejam bem e cada vez mais saudáveis, alegres e bem-dispostas e que façam com que tudo evolua de uma forma bastante criteriosa e agradável. Tudo serve para o bem-estar da população. E desejo o melhor possível para o destino de todos os clubes da Associação de Futebol de Leiria e do desporto em geral do distrito.