Zero derrotas, 108 golos marcados e sete golos sofridos. São estas as estatísticas do CPR Pocariça que ficam registadas, numa época de excelência que culminou com a vitória, no último fim-de-semana, do Campeonato Distrital da 1.ª Divisão de futsal feminino.
A união do grupo fez a diferença em cada jogo da série A, que permaneceu em aberto até às últimas jornadas, uma vez que o clube de Leiria esteve empatado com o NSCP Pombal. À 13.ª jornada, a vitória sobre este conjunto tirou as teimas e permitiu arrecadar três pontos essenciais para a ida à final do campeonato, disputada contra o NDA Vidais, que ficou em 1.º lugar da série B.
Não se esperava um jogo fácil no sábado. As equipas já eram antigas conhecidas, uma vez que a Pocariça, noutras épocas, via-se incluída na série Sul. Esta época, também já se tinham encontrado, mas em jogo a contar para a Taça Distrital, onde as caldenses ficaram pelo caminho.
Números como aqueles que a Pocariça conquistou no campeonato não se vêem todos os dias e o treinador explica-os com a dedicação da equipa.
“A estratégia é só uma, muito trabalho. Já são 57 treinos desde o início da época, com muito trabalho. Temos jogadoras com mais idade, que têm outras experiências. Vêm para aqui para desanuviar a cabeça. Mas trabalho é trabalho e elas sabem que há tempo para tudo, para brincar e para trabalhar”, referiu Leonardo Covelo, de 24 anos, num momento de convívio na sede do clube, antes da equipa sair em direcção à Nazaré, local onde decorreu a finalíssima.
Mesmo com exibições que falam por si, a equipa saiu da Maceira com os pés assentes na terra. Esperava-as um jogo difícil, contra uma equipa que também ansiava pela vitória e que, no campeonato distrital, só tinha perdido uma vez. Ainda assim, as leirienses souberam dominar o jogo, dando poucas oportunidades ao Vidais de chegar à baliza. O resultado final foi de 5-3 e o segundo objectivo da época, a seguir à ida à Taça Nacional, foi concluído.
Num plantel recheado de qualidade, Patrícia Rino destaca-se por ser aquela que mais golos marcou. Em campo, já celebrou 28 vezes e explica esta façanha pela vontade de apoiar as companheiras. “É tentar ajudar a equipa ao máximo, aparecer sempre ao segundo poste. Eram importantes os golos, porque estávamos empatadas com o Núcleo e quem tivesse mais golos podia decidir alguma coisa”, relata. ‘Tita’ já soma dez anos a representar o emblema da Maceira. “Gosto muito da Pocariça. Tenho um carinho especial pela malta que joga aqui, tenho amigas de 15 anos. Temos um grupo fixe, este ano acrescentaram também raparigas que fazem a diferença, no grupo e em campo”, detalha a ala.
A capitã Rute Martins explica facilmente o sucesso da equipa. “Temos jogadoras com muita experiência e qualidade. Depois, é o nível competitivo. Há equipas que têm uma qualidade superior e outras completamente iniciantes, o que cria esta desvantagem”, adianta.
Este aspecto facilita as goleadas, afirma, ao lembrar que, até à jornada final da série A, só sofreram quatro golos da mesma equipa, o Núcleo de Pombal. A temporada ainda não terminou e, hoje, o grupo vai enfrentar o Ribafria, em jogo das meias-finais da Taça Distrital Feminina. Perseguem, por isso, o terceiro objectivo da época: levar a Taça Distrital para casa. “Seria bonito conseguir a dobradinha, nunca foi feito aqui”, confessa a capitã.
Falta licenciamento e direcção
O CPR Pocariça é um clube que tem quase tudo: equipas vencedoras, instalações próprias, condições financeiras e massa humana. No entanto, há cerca de três anos que luta para ter as instalações desportivas licenciadas, além de enfrentarem uma crise directiva.
A responsável pela secção do futsal feminino, Lúcia Pereira, lembra o legado da Pocariça na modalidade, que existe no clube há mais de 25 anos. “A Pocariça é mesmo uma referência do futsal feminino, a nível distrital. Somos a única equipa [presente] desde o primeiro campeonato de futsal e, até aos nossos dias, nunca desistimos”, enaltece.
Com a Taça Nacional à vista, que dá acesso à subida de divisão, o clube terá de jogar sempre fora de casa, porque o campeonato só autoriza jogos em pavilhões licenciados. “[O pavilhão] foi construído há muitos anos pelos sócios naqueles anos em que ainda não havia licenças. Estamos a tentar tratar disso há dois ou três anos, mas é muita burocracia”, lamenta a responsável. A solução é jogar no Municipal da Maceira e perder a vantagem de jogar ‘em casa’.
Além disso, o CPR Pocariça é mais um dos clubes que não tem direcção. Com uma comissão de gestão, o clube procura tratar dos assuntos do dia-a-dia, enquanto não surge ninguém para assumir a presidência.