Os números de novas infecções de Covid-19 registados nos últimos 14 dias em Leiria e na Marinha Grande, divulgados diariamente pelo Comando Distrital de Operações e Socorro (CDOS), colocam estes dois concelhos no limite do rácio de 240 casos por 100 mil habitantes, que serve de critério à definição dos municípios sujeitos a confinamento parcial e a recolher obrigatório.
A lista, que integra 121 concelhos, entre os quais a Batalha, será actualizada esta quinta-feira, em reunião de Conselho de Ministros. Só aí se saberá se Leiria e Marinha Grande serão incluídas no grupo de concelhos sujeitos a medidas mais restritivas, onde poderá figurar Ourém.
Isto porque, este município registou nos últimos 14 dias, de acordo com os dados divulgados pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, 137 novos casos – acima do limite de 106 fixados para o rácio de 240 por 100 mil habitantes -, dos quais, 56 ocorreram num lar de idosos.
Para já, e partindo da análise dos dados do CDOS, o concelho de Leiria somou, nos últimos 14 dias (de 27 de Outubro a 10 de Novembro), 291 novas infecções (ligeiramente abaixo do limite de 301), enquanto a Marinha Grande contabilizou mais 92 casos (para um limite de 93).
Há, no entanto, ressalvas a fazer. Desconhece-se o período exacto a considerar pelo Governo, bem como os dados oficiais da Direcção-Geral da Saúde por concelho, que não são publicados há vários dias e que podem ter discrepâncias em relação aos números comunicados pelos ACES e que[LER_MAIS] servem de base aos boletins diários do CDOS de Leiria.
Batalha poderá sair da lista
De fora da nova lista de concelhos de maior risco deverá ficar, desta vez, a Batalha que, nos últimos 14 dias registou 29 novos casos, ou seja, menos 10 em relação ao limite de 39 definido para o rácio de 240 por 100 mil habitantes.
Resta, no entanto, saber se essa exclusão implicará o levantamento do recolher obrigatório a que a população do concelho está obrigada, desde segunda-feira e até 23 de Novembro. Uma decisão que motivou críticas do presidente da Câmara, que, numa carta enviada ao primeiro-ministro, considerou que as medidas determinadas para os 121 concelhos “não fazem sentido” de “forma isolada”.
“Essa medida faz sentido na mitigação do risco da Covid em regiões agregadas, urbanas, onde haja continuidade de território, mas não faz sentido aplicar de uma forma isolada”, alega Paulo Batista Santos.
Confrontado com a possibilidade de Ourém ser incluída na nova lista, o presidente da Câmara começa por lamentar que “não se conheçam todos os critérios”, nomeadamente “se os focos em lares contam”, nem os períodos a considerar. “Quando a primeira lista foi anunciada [no dia 31] foi dito que seria actualizada 15 dias depois, após uma nova reavaliação. Ainda não passou esse tempo. Não me parece correcto querer alterar as regras a meio”, defende o autarca.
Luís Albuquerque nota, no entanto, que Ourém “não é excepção e que está sujeita às regras do todo nacional”. “Estamos preparados para isso [confinamento parcial]”, diz.
“Sabemos que Leiria está no limite e que pode ultrapassar a barreira, passando a integrar o grupo de municípios considerados de maior risco. Hoje não estamos, amanhã não sabemos”, reconhece o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, assegurando que “tudo está a ser feito para reduzir o risco e o contágio” e, dessa forma, “manter um estado de maior normalidade na nossa comunidade”.
O autarca – que está de quarentena depois de o vereador das Obras Municipais ter testado positivo ao SARS-CoV-2 – refere que, neste momento, a estratégia do Município passa por “reforçar a capacidade de protecção nos lares e o apoio à área da saúde”. Nesse sentido, a Autarquia está a fazer uma distribuição regular de Equipamentos de Protecção Individual aos lares, que irão também receber testes rápidos e “dez mil fatos covid”.
Durante a última reunião de Câmara, a vereadora da Saúde, Ana Esperança, adiantou que o Município adquiriu 3.225 testes rápidos e mais 500 testes PSR, frisando, contudo, que “os testes não são panaceia para os nossos males” e que a palavra-chave continua a ser prevenção. “Temos de olhar para o outro como se estivéssemos perante um caso Covid e ter as regras ajustadas: máscaras, higienização das mãos e etiqueta respiratória”.
Até ao fecho da edição não foi possível obter um comentário da Câmara da Marinha Grande.
Unidade de retaguarda no Seminário
O Seminário Diocesano de Leiria irá acolher uma estrutura de apoio de retaguarda para acolher pessoas infectadas com Covid-19 que careçam de apoio específico, mas sem necessidade de internamento hospitalar. A informação foi revelada pelo presidente da Câmara de Leiria, durante a última reunião de Câmara.
Na ocasião, Gonçalo Lopes adiantou que o acordo entre as várias instituições envolvidas “está a ser ultimado”, prevendo-se que a estrutura possa ser activada “dentro de poucos dias”. Segundo o autarca, o espaço servirá para “acudir” a situações de doentes que se encontram internados, mas cujo registo clínico “não obriga a hospitalização”.
A criação destas estruturas de apoio de retaguarda (EAR) está prevista num despacho conjunto dos ministros da Administração Interna, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e da Saúde, datado de 5 de Novembro. Neste documento, é determinada a disponibilização de uma estrutura deste género em todos os distritos, para a acolher “pessoas infectadas com SARS-CoV -2, sem necessidade de internamento hospitalar, que careçam de apoio específico”.