A Câmara da Marinha Grande quer criar o Museu Nacional da Floresta no Parque do Engenho, e nele acoplar um empreendimento turístico, construído com madeira ardida retirada do Pinhal do Rei.
Este é um dos projectos que a autarquia já começou a discutir com os secretários de Estado da Floresta e do Turismo, que visitaram o concelho na semana passada, anunciou a presidente de Câmara, Cidália Ferreira.
O anúncio foi feito no âmbito da conferência-debate Reerguer das Cinzas o Pinhal do Rei, que decorreu sábado no auditório do Edifício da Resinagem, na Marinha Grande, e que contou com as intervenções do investigador Gabriel Roldão, do engenheiro agrónomo Eugénio Sequeira e do engenheiro florestal Miguel Galante.
[LER_MAIS] Cidália Ferreira defendeu que a utilização da madeira ardida no incêndio dos dias 15 e 16 de Outubro, a retirar da Mata, servirá como “um símbolo” para as gerações futuras. E com esse espírito pedagógico, a presidente falou ainda da necessidade de ser construído um observatório ambiental na Marinha Grande.
O regresso dos serviços florestais ao concelho, com as competências de outrora, foi outra das vontades manifestadas pela autarca.
Para o engenheiro florestal Miguel Galante, o que se impõe agora é o “Pinhal do Rei 2.0”. Ou seja, há que fazer uma nova versão da Mata, ainda que respeitando o seu passado. Essa nova versão pressupõe a realizaçãode vários passos, defende Miguel Galante.
Em primeiro lugar, há que proceder à remoção das árvores e realizar hastas públicas para vender material lenhoso. Depois, há que rever o plano de gestão florestal atendendo às várias funções da Mata (económica, ambiental e, não menos importante, social).
Miguel Galante entende que é necessário criar o Museu Nacional da Floresta, instalar uma rede de circuitos de interpretação, valorizar espaços de recreio, recuperar viveiros florestais para fins pedagógicos e promover o voluntariado ambiental. A reflorestação da Mata tem de ter participação cívica, remata o engenheiro.
“Marca” para a Marinha e “referência nacional”
As populações das zonas afectadas pelo incêndio “não estão sozinhas no sofrimento”, garantiu na semana passada o secretário de Estado das Florestas, prometendo para dentro de quatro meses o projecto de reflorestação do Pinhal do Rei. Um projecto que se pretende que não seja apenas florestal, “mas também social”, participado pela população. Depois de uma reunião na Câmara da Marinha Grande, Miguel Freitas afirmou que “esta é a oportunidade para construir no Pinhal do Rei um projecto que seja articulado entre vários ministérios, com várias valências”, que seja uma “marca importante para este território, mas sobretudo uma referência nacional”. O governante reconheceu ainda que o “buraco de cerca de sete mil hectares” que vai resultar do corte da madeira queimada vai ter “impacto psicológico” nas populações, e que esse corte e a criação de parques para armazenar a madeira têm de ser “devidamente programados”.