Uma em cada três pessoas com 65 ou mais anos anos sofre, pelo menos, uma queda por ano, sendo esta a principal causa de morte acidental nesta faixa etária. Por outro lado, muitas das vítimas desses incidentes acabam por nunca mais recuperar a capacidade funcional que tinham antes.
Com o objectivo de os prevenir, a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) do Centro de Saúde da Marinha Grande inicia, este mês, o programa Marinha sem quedas. Tendo como público-alvo as pessoas que completaram 70 anos no ano transacto, o programa é constituído por oito sessões teórico- práticas.
Estas sessões decorrerão, semanalmente, no centro de saúde e irão ensinar os utentes a ter uma casa “mais segura” e menos propensa a acidentes, a saberem agir em caso de queda, a movimentarem- se e a evitar intoxicações, queimaduras e outros acidentes domésticos.
“A alteração da disposição dos móveis, o tipo de calçado que se usa ou a colocação de barras de apoio na habitação e a eliminação de barreiras arquitectónicas em casa e no meio envolvente podem fazer muita diferença”, sublinha a enfermeira Sandra Neves.
Por outro lado, frisa esta técnica especialista em reabilitação, quando não se consegue, de todo, retirar esses obstáculos, “é preciso saber identificá-los e redobrar os cuidados”.
“As quedas são a principal causa de lesão nos idosos, muitas vezes com consequências graves, atirando essas pessoas para uma situação de dependência”, afirma a enfermeira.
[LER_MAIS] A técnica cita dados do relatório Acidentes domésticos e de lazer: Informação adequada, segundo os quais “um ano após a fractura da extremidade proximal do fémur (inserção da anca), 10 a 20% dos doentes acabam por falecer, 50% apresentam perda funcional e/ou motora e apenas 30% recuperam a capacidade funcional que tinham anteriormente”.
“As quedas nesta população têm um grande impacto médico e sócio-económico, que não se restringe ao evento em si, mas sobretudo às suas consequências”, reforça Sandra Neves.
No final das oito sessões, os utentes serão encaminhados para as respostas que existem no concelho ao nível do envelhecimento activo, como o programa de actividade física para a terceira idade desenvolvido pela Câmara Municipal, uma das parceiras do programa Marinha sem quedas, que conta também com o apoio da Administração Regional de Saúde do Centro e da Fundação Mapfre.
“A prática de exercício físico ajuda a prevenir as quedas, porque trabalha a flexibilidade articular, o equilíbrio corporal e a coordenação de movimentos que, com a idade, se vão perdendo”, nota a enfermeira.
Câmara põe terceira idade em movimento
Estão abertas até dia 31 de Janeiro as candidaturas para o Programa de Funcionamento da Actividade Física para a 3ª Idade 2018/2021.Promovido pela Câmara da Marinha Grande, este programa destina-se, essencialmente, “a pessoas com idade acima dos 65 anos e tem como principal objectivo incentivar a prática de actividades físicas e desportivas, de forma solidária e inclusiva, promovendo desta forma hábitos de vida mais saudáveis”, informa o Município. O programa “promove a atribuição de apoios ou benefícios a entidades que desenvolvam actividades com carácter regular, no concelho, estejam legalmente constituídas e tenham a sua sede social no concelho”, prossegue a Autarquia. “Através da prática regular de actividade física, a qualidade de vida dos idosos melhora substancialmente, o que lhes permite combater a solidão e continuarem a participar na maioria das experiências enriquecedoras das suas vidas, além de lhes proporcionar benefícios nas áreas cognitiva, emocional e social”, sublinha.