“Houve bastante receptividade e a população percebeu o quão importante é para a Martingança voltar a ser freguesia”, conta Gonçalo Morins, enfermeiro, que, com Fernando Vitorino, empresário, e com Célia Santos, professora aposentada, se mobilizou para auscultar os moradores e perceber se estes têm vontade de ver a sua terra desagregada da União de Freguesias de Pataias e Martingança.
Muitas assinaturas foram recolhidas de imediato e este grupo de residentes vai agora avançar com uma petição porta-a-porta, com o objectivo de fazer ser discutida e aprovada esta vontade, primeiro em sede de Assembleia de Freguesia e, depois, em Assembleia Municipal de Alcobaça.
No passado domingo, pelo salão do Grupo Desportivo da Martingança, passaram cerca de 160 pessoas e [LER_MAIS]no imediato foram recolhidas 155 assinaturas, relata Fernando Vitorino.
O empresário de 72 anos e ex-autarca, natural da Martingança, foi um dos mais fortes obreiros da constituição desta localidade como freguesia, em 1985, e que se manteve autónoma até 2013, quando o Governo de Pedro Passos Coelho fundiu várias freguesias em Portugal e Martingança ficou agregada a Pataias.
“Não posso ser hipócrita. Se o defendi em 1985, agora tinha pelo menos de dar conhecimento à população de que a lei está a abrir essa possibilidade”, salienta Fernando Vitorino.
“Enquanto não formos freguesia não seremos tidos nem achados”, acredita o empresário, lembrando que a Martingança terá perto de mil habitantes e muita capacidade de gerar riqueza, “com 46 indústrias”, muitas de cariz exportador, “que fazem entrar na localidade mais de 900 pessoas por dia”. Sucede que a Martingança fica a 22 quilómetros de distância da sede de concelho e está agora unida a Pataias, que tem uma dimensão territorial muito superior.
A Martingança tem tido também capacidade de atrair alguns estrangeiros, franceses e brasileiros, que por ali têm construído as suas moradias, mas não tem tido a capacidade de manter os seus jovens, que, por falta de mais infra-estruturas e condições, acabam por escolher outros locais, lamenta Fernando Vitorino.
Gonçalo Morins, de 42 anos, também natural da Martingança, integrou a lista do Nós Cidadãos nas últimas autárquicas, grupo que tinha entre as suas promessas eleitorais levar o tema da desagregação à Assembleia Municipal, recorda o enfermeiro. O assunto foi abordado, mas este órgão entendeu que a proposta deveria partir da própria população da Martingança, lembra Gonçalo Morins.
E a reunião de domingo permitiu perceber esse desejo, entende o enfermeiro. “Se nos desagregarmos de Pataias, teremos mais força política na Assembleia Municipal de Alcobaça, onde teremos presidente de junta, e teremos mais capacidade de concorrer a fundos comunitários e a apoios da autarquia. Teremos uma voz mais activa”, acredita.