José Oliveira, professor na Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo, em Leiria, ganhou o Global Teacher Prize Portugal, arrecadando um prémio de 30 mil euros.
O reconhecimento teve por base, entre outras qualidades, a fórmula que utiliza para que os alunos aprendam ao seu ritmo. Este prémio é o “reconhecimento de uma entidade que é absolutamente isenta”, destaca José Oliveira em declarações ao JORNAL DE LEIRIA.
“Já fui professor de norte a sul do País e sei que há muitos caminhos que vão dar a Roma, mas nem todos são iguais. Ou seja, há muitas formas diferentes de fazer as coisas com resultados excelentes”, acrescenta, salientando que a distinção é o resultado do seu percurso enquanto professor e não a relevância de um projecto. “É quase como um prémio de vida.”
Na candidatura ao Global Teacher Prize Portugal, o professor apresentou não só o projecto que desenvolve na disciplina de Geometria Descritiva, como uma série de dados que comprovam o trabalho desenvolvido no passado, em disciplinas de outras áreas, como oficina de artes ou em desenho.
“Até foram mais bem sucedidos, mas os princípios são os mesmos. As pessoas são todas diferentes e só conseguem aprender a partir do momento em que estão. Aprender é uma caminhada, é a subida de uma escadaria. E subimos um grau de cada vez”, reforça.
Segundo explica, o caminho que traça com os seus alunos começa no momento da aprendizagem em que se encontra o estudante. “É o ponto de partida dele e não o meu. Se eu começo muito à frente, ele não me apanha, desiste. Se eu começo muito atrás do caminho que ele já tem, desinteressa-se e desiste.”
José Oliveira precisa que o momento de arranque é o “grau de conhecimento que o aluno tem numa dada área e os seus gostos pessoais”, isto é, “aquilo que são as mais-valias particulares que aquele indivíduo traz e que são diferentes dos que têm outros estudantes”.
E é esta diferenciação que o docente considera um factor-chave na aprendizagem. Por isso, procura estratégias para potenciar o que cada aluno tem em particular, levando-o a alcançar os objectivos traçados. Aprende quase sem se aperceber.
O docente entende que este prémio contribui para “restabelecer uma boa imagem dos professores” na comunidade, até porque “na esmagadora maioria, cada um faz o melhor que sabe, o melhor que consegue e com a melhor das intenções”.
Os 30 mil euros conquistados vão permitir dar condições a outros professores para garantir um ensino mais próximo dos alunos. “Uma das formas de adaptar o que eu faço é a desmaterialização. É muito melhor cada aluno ter um tablet da escola, com acesso controlado, e aceder a animações e a uma série de informação que existe na internet”, afiança.
Segundo diz, os tablets permitem que os alunos, estudando a mesma matéria, partam de pontos de partida diferentes, dentro da mesma sala de aula, e até podem estudar matérias diferentes.
A aquisição de tablets permitirá a utilização por quatro turmas, que podem fazer este tipo de trabalho. “Talvez até consiga óculos de realidade aumentada. Não é só para a geometria. Hoje em dia já começam a existir muitas ferramentas dedicadas à educação a partir da realidade aumentada.”