A Marinha Grande vai ter um monumento de 12 metros de altura, o equivalente a um edifício de quatro andares, para assinalar o incêndio que a 15 de Outubro de 2017 destruiu a maior parte da Mata Nacional naquele concelho.
Mas a escultura, orçada em 216 mil euros, que deverá ser instalada numa rotunda próxima das Finanças, está a gerar duras críticas entre a população.
Fernando Crespo, o escultor natural de Vieira de Leiria que está a desenvolver o trabalho, adiantou à Lusa que o seu objectivo era que a peça fosse “avassaladora tal como avassaladora foi a desgraça”.
Pretendia que “a dimensão fosse tão perturbante para o espectador como a tragédia foi para a população”, afirmou o artista plástico. “Não conseguia ficar indiferente”, declarou, referindo que “propôs à Câmara o trabalho depois de a presidente do município [Cidália Ferreira] ter anunciado a vontade de fazer um memorial alusivo à tragédia”.
Mas a escultura tem suscitado duras críticas. “Não faz sentido construir um memorial para registar a nossa incompetência para cuidar da Mata e é um valor absurdo quando falta reconstruir e plantar”, critica Bruno Lemos, presidente da Associação Comercial e Industrial da Marinha Grande.
[LER_MAIS] Essa é também a convicção de Elvira Ferreira, do +Concelho. “Os 216 mil euros previstos para a construção do memorial foram um dos motivos pelos quais o movimento chumbou o Orçamento. Era mais eficaz usar o dinheiro no reforçoe na promoção da Mata”, salienta Elvira Ferreira.
Também para Orlando Jóia “não não faz sentido o investimento e o mamarracho para que a tragédia perdure na memória, pois os marinhenses, todos, sem excepção, jamais esquecerão o trágico incêndio de 15 de Outubro de 2017. Todos os esforços e recursos devem ser canalizados para a Mata e não para o show-off de memoriais ou bandeiras humanas”, defende. Numa terra onde ainda faltam infra-estruturas como a piscina e o mercado municipal, “é vergonhoso andarem a investir tanto dinheiro nesse memorial”,considera Orlando Jóia.
Monumento não impede investimento
A Câmara da Marinha Grande sublinha que a construção deste monumento não é impeditiva de outros investimentos. O Município salienta que a “decisão de se adquirir e instalar o monumento resulta do consenso entre a presidente e os vereadores da CDU e do MPM alargado ainda ao senhor presidente da Assembleia Municipal”. E refere ainda que, na sequência desse consenso, o valor global da proposta foi inscrito em sede de Orçamento Municipal, aprovado quer pela Câmara Municipal quer pela Assembleia Municipal. A Autarquia “pretende com este monumento homenagear o património histórico e natural que constitui o Pinhal do Rei”, sendo que “o investimento neste monumento não tem sido e não é impeditivo do investimento da Câmara Municipal na reflorestação e conservação do Pinhal do Rei, como aliás se depreende de todas as iniciativas já promovidas e a promover pela Câmara”, acrescenta ainda.