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Memórias de quem viveu o 25 de Abril quando era adolescente

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Abril 25, 2022
em Abertura
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Memórias de quem viveu o 25 de Abril quando era adolescente
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A conspiração já vinha a ser feita, mas foi na madrugada de 25 de Abril de 1974 que militares de vários ramos das Forças Armadas ocuparam pontos estratégicos em Lisboa, com o objectivo de derrubar o regime do Estado Novo e pôr fim a 48 anos de ditadura.

A Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974) foram, conjuntamente, o mais longo regime autoritário na Europa Ocidental durante o séc. XX.

Com Salgueiro Maia a liderar uma coluna militar de Santarém até à capital portuguesa, as canções de Paulo de Carvalho e Zeca Afonso, transmitidas na rádio, foram os sinais de avanço para que as operações arrancassem.

Portugal assinala na próxima segunda-feira 48 anos de liberdade, passando a ter mais anos de democracia do que de ditadura. O JORNAL DE LEIRIA foi saber como é que alguns adolescentes viveram e tiveram conhecimento da Revolução dos Cravos na região.

Mapril Bernardes, advogado, tinha 17 anos e havia saído da Gândara, onde morava, a caminho do Liceu de Leiria [Escola Secundária Rodrigues Lobo], quando se deparou com uma coluna militar na estrada.

“Achámos que se poderia passar alguma coisa, mas não sabíamos de nada. Fui à escola e as informações começaram a chegar através dos comunicados do MFA [Movimento das Forças Armadas] e das notícias”, recorda.

Mapril afirma que esse dia foi o “despertar de consciências”, ainda sem qualquer conotação política. E pouco depois da revolução, o Liceu de Leiria foi o primeiro a aderir e o último a terminar uma greve geral de alunos (RGA), que reclamava o direito à igualdade em relação ensino particular.

“A greve foi um movimento de estudantes, espontâneo”, afirma, ao sublinhar que se tratou de uma greve de zelo. “Os alunos iam à escola, constituíram grupos de trabalho com os professores e discutia-se o que era relevante nas disciplinas”.

Mapril Bernardes afirma que naquela altura reinava mais a irreverência. Antes do 25 de Abril já tinham promovido uma manifestação contra o preço da gasolina, quando subiu para 11 escudos. “Não tinha nada a ver com uma conotação política. Protestávamos contra o que achávamos que estava mal.”

O 25 de Abril acabou por livrar Mapril e vários colegas de um processo disciplinar, que poderia ter repercussões graves, por quererem pôr fim à segregação dos pátios femininos e masculinos, invadindo-os mutuamente. “Isso aconteceu pouco antes da revolução. Poderíamos ter tido bastantes problemas”, admite.

Nos dias após o 25 de Abril, o advogado afirma que se “notava um espírito de liberdade” nas ruas e a imagem era de “alegria”, um “ambiente leve, de alívio”, mas também de “muita preocupação”. “Ouvíamos os comunicados do MFA atentamente. Apesar de ser uma revolução dos cravos, não sabíamos que futuro vinha aí. Mas o medo de falar desapareceu.”

 

“Já não vais à guerra”

Sendo o dia 25 de Abril uma quinta-feira, também José Miguel Medeiros, 61 anos, se preparava para ir para o colégio. “Estava à espera da carrinha e passou um senhor a dizer que havia uma revolução em Lisboa”, recorda. Já na escola, as aulas foram substituídas pelo ouvido atento aos comunicados do MFA que chegavam através da rádio.

Ao chegar a casa, no Avelar, concelho de Ansião, José Miguel Medeiros, ex-deputado do PS e ex-secretário de Estado da Protecção Civil, à época com 13 anos, recebeu um forte abraço do pai. “Já não vais à guerra”, disse-lhe. “Havia alguma apreensão, pois não se sabia se íamos para melhor ou pior. O meu pai era da oposição, mas eu não tinha consciência das cores políticas. Só sabia que era contra o Salazar”, revela.

Um dos fundadores do PS, o pai de José Miguel Medeiros já estava a preparar a ida do filho para a Bélgica, para que o mesmo não tivesse de ir para a guerra. “Nos dias a seguir à revolução havia uma euforia muito grande. Passou-se para um ambiente de liberdade. A imagem que tenho é como se passássemos de uma fotografia a preto e branco para uma a cores”, sublinha.

Outra das mudanças imediatas notadas por Medeiros foi a “proximidade entre professores e alunos” e uma maior participação destes na escola. “Antes, quase que tínhamos de estar em sentido perante os professores. Os primeiros tempos foram muito intensos. Não havia divisões sociais”.

José Miguel Medeiros viveu momentos de conspiração, sem perceber do que se tratava. “Fiquei muito contente com o 25 de Abril, porque vi que o meu pai tinha conseguido aquilo por que andava a lutar. Senti que era algo importante”, acrescenta.

A tomada de consciência de tudo foi muito rápida. “Como o meu pai foi um dos fundadores do PS levava-me para os comícios. A revolução depois também trouxe divisões entre amigos e familiares. Houve pais e filhos que se deixaram de falar.”

 

Não denunciou, foi suspenso

Carlos Silva, tinha 15 anos e frequentava o último ano do Curso Geral de Comércio, na Escola Industrial e Comercial de Pombal (9.º ano). “Estava a ser um dia de escola quase como os outros. Mas, quando fui almoçar a casa, os meus pais falaram de que haveria qualquer coisa a acontecer em Lisboa, dado que a rádio só passava marchas militares, intercaladas com comunicados de um tal ‘Movimento das Forças Armadas’. À noite, no telejornal, ficou claro que tinha havido um golpe de Estado e o Governo do Marcello Caetano tinha caído”, conta o escritor e docente.

Em Pombal, “só nos dias seguintes as pessoas vieram para a rua, quando o ‘espírito da revolução’ se espalhou pelo País, em especial no dia 1.º de Maio”. “Foi o período mais fantástico da minha vida. De repente, todas as opressões que sentíamos enquanto estudantes caíram, como um castelo de cartas. Por exemplo, houve colegas que foram suspensos por coisas ridículas, como namorar sentado nos muros da escola. Eu próprio, nesse ano, tinha apanhado um dia de suspensão por causa de um desenho parvo que alguém tinha feito na carteira onde me sentei e não o denunciei”, adianta.

Carlos Silva recorda um evento, no Inverno de 1973, que considera premonitório. “Numa falha de energia eléctrica, frequentes naquela altura, os alunos juntaram-se numa zona de passagem, muito escura, e vingaram-se dos contínuos pidescos que por ali tiveram de passar. Nos dias seguintes, o director andou de sala em sala a lamuriar-se, alertando de que iria haver problemas para os alunos envolvidos. Nunca chegou a haver nada, porque ninguém acusou ninguém e pouco depois aconteceu a revolução. De repente, éramos livres.”

 

Professores saneados

Mário Rodrigues, 63 anos, empresário, tinha 15 anos. Chegado há dez anos da Argentina, “nunca tinha ouvido pronunciar a palavra política”. “Nesse dia, quando cheguei à paragem da carreira da Boa Vista, achei um bocado estranho o silêncio”, recorda. Quando chegou à Escola Industrial e Comercial de Leiria (actual Domingos Sequeira) “estava tudo em alvoroço”.

Não houve escola. “Alguns professores foram saneados. Um deles era o meu professor de Regulamentação de Trabalho e percebi depois que era a disciplina política na altura. Passava as aulas a falar do Marcello Caetano, que era uma pessoa ilustre e tinha sido professor dele”, afirma.

Nos tempos que se seguiram, foram “muito frequentes as RGA e as RGE (reuniões gerais de escola), que incluíam os professores”. O ambiente na rua alterou-se: “houve um desprendimento das pessoas. Nunca tinha assistido a nada disso, com manifestações espontâneas, que aconteciam com muita frequência na cidade. Eu andava por lá com os outros, nem sei muito bem porquê”, recorda.

Mais tarde registaram-se “algumas altercações”, como “o assalto ao escritório do Dr. Vareda”. “Vivia na Boa Vista e quando alguém dizia ‘passa-se algo em Leiria’, íamos todos de motorizada, estupidamente, sem noção do risco. Até houve uma pessoa que apanhou uma bala perdida e morreu”, aponta, salientando que era a “irreverência da juventude”.

Mário Rodrigues lembra ainda que assim que se deu a revolução caiu a separação dos meninos e meninas. “Ficou logo tudo misturado. Foram mudanças muito grandes.”

Apesar de ainda pequeno, na Argentina, uma das suas bebidas preferidas era a Coca-cola. “Aqui não existia”, diz, ao referir que só se naturalizou português após o 25 de Abril de 1974. Por serem estrangeiros, todos os anos, Mário e o irmão tinham de apresentar à Pide um documento idêntico ao passaporte para terem autorização de permanência em Portugal. “Recordo-me que a delegação de Leiria era na rua da Igreja da Misericórdia. Fui levantar o documento do meu irmão no dia 24 de Abril, se tivesse ido um dia depois possivelmente tinha ficado sem documentos, porque no dia 25 queimaram tudo.”

Com o pai emigrado em França, era a avó paterna que mais falava sobre algumas coisas do que se passava na sociedade, mas “tinha muito receio”. “Falava-se muito que os comunistas comiam as criancinhas”, recorda com ironia.

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