Pelo visto, e apesar de tudo, os mesmos factores que me distinguiam “negativamente” ainda pesam na avaliação que fazem de mim.
No entanto, gostava de avisar que isso está a mudar, apesar de um esforço considerável em contrário. Vejamos: tenho cabelo comprido, uso brincos (6mm), a minha profissão é cantor itinerante de Heavy Metal e empresário numa companhia chamada Worst Case Scenario (o pior cenário possível).
Tenho convicções que são de imediato ligadas à “extremaesquerda” (mas o que raio é isso, afinal?), sou ateu, eterno candidato a filósofo, nasci e fui criado na Brandoa e tenho a mania de [LER_MAIS] escrever a dar as minhas opiniões. Sou portista. Meço um metro e noventa e tenho um poder de grito que nem imaginam o alcance. Sou um verdadeiro pesadelo.
Mas, saído de uma história de terror, desposei a mulher mais incrível que jamais conheci, a Sónia que é Tavares e, como eu, “gritadeira” (definição usada por ela, não por mim). Tivemos um filho magnífico ao qual demos o nome lindo e, para alguns, “estranho” (ainda melhor) de Fausto.
Os colegas da escola dele adoram-me apesar de ainda pensarem que eu me posso transformar em lobisomem a qualquer momento, o que não os impede de tocar nas minhas tatuagens e de mexer nos meus brincos.
Ao escrever quer neste jornal quer no de Alcobaça (Região de Cister) sinto uma estima e um respeito local que me parece genuíno e bem intencionado e sou feliz aqui no Oeste. Nada mau para um metaleiro sem Deus, “comunista”, tripeiro, suburbano e rebelde que, não se sentindo exemplo para ninguém, pelo menos nunca se deixou iludir pela aparência que tinham dele.
*Músico