A escola nunca disse muito a Michael Casalinho, que abandonou os estudos para ir trabalhar na empresa de serralharia do pai. Mas cedo percebeu que não era esse o caminho. Depois de uma passagem pela banca e pelo marketing, a paixão pela cozinha acabou por vencer.
Hoje, este jovem luso-descendente, filho de um casal natural de Leiria – a mãe nasceu nas Colmeias e o pai na Caranguejeira -, é dono de um restaurante em Jersey City – a tasca Broa -, que procura mostrar “o melhor” da gastronomia portuguesa, não só aos nossos emigrantes mas também aos americanos.
Localizado a cerca de “dez minutos de Manhattan”, o Broa abriu portas em 2013. Pelo meio, teve de vencer as adversidades provocadas pelo furacão Sandy que, em 2012, destruiu quase a totalidade do espaço, ainda antes de abrir.
Um “percalço” que obrigou a refazer praticamente toda a obra, mas que acabaria também por dar a Michael Casalinho mais algum tempo para “pôr em práticas” algumas ideias.
Hoje, o Broa é um espaço onde são bem presentes as marcas da portugalidade, desde a decoração, grande parte feita com recurso a objectos dos pais e avós de Michael, como xailes, réstias de alhos, galos de Barcelos ou fotografias antigas da família, passando pela música ambiente até, claro, aos pratos servidos.
A ementa muda “diariamente”, consoante “o que há de fresco à venda no mercado e o estado de espírito” do cheff Michael Casalinho, mas há iguarias que não podem faltar, como alheira servida com grelos cozidos, batata palha e ovo frito por cima, bacalhau à Brás ou camarão ajillo.
“A minha ideia foi sempre abrir um espaço que reflectisse a cultura portuguesa. Daí ter optado por um local mais pequeno e acolhedor”, conta o jovem, referindo que essa preocupação esteve também patente na escolha da calçada à portuguesa que abrilhanta a entrada do espaço.
[LER_MAIS] Além de restaurante, o Broa dispõe de uma zona de loja, que comercializa produtos tipicamente portugueses, como azeite e atum, mas também livros de autores nacionais.
Nascido nos EUA, na cidade de Newark, onde os pais se fixaram depois de uma primeira experiência de emigração em França, Michael Casalinho alimentava, desde criança, o sonho de ter um espaço de restauração. “Uma vez, ainda na escola primária, tive de escrever uma carta para falar do que queria ser quando crescesse. Disse que um dia iria ter um restaurante”, recorda o jovem, que diz ter herdado o gosto pela cozinha da mãe e da avó.
“Sempre fui muito curioso em saber como é que elas cozinhavam. Tenho um imenso prazer quando estou a cozinhar e a pensar nos ingredientes que vou usar.
Antes de abrir o Broa, Michael Casalinho já tinha sido co-proprietário de um outro espaço – o Café Opção –, na cidade de Newark, onde está radicada a maior comunidade portuguesa dos EUA. Em 2012, avançou sozinho.
“Queria mostrar o melhor de Portugal, não só aos nossos emigrantes mas também aos americanos. Daí, ter arriscado sair para fora da nossa comunidade e ter aberto o Broa em Jersy City”. Mas este projecto “é só o início”, antevê o jovem lusodescendente, que sonha abrir um restaurante em Lisboa ou no Porto, assim como um espaço em Leiria.
Antes de enveredar pela restauração, Michael Casalinho trabalhou no departamento de marketing de uma produtora de televisão portuguesa (SPT) e no banco BCP, onde começou por ser estafetas e acabou por integrar a equipa de marketing da instituição, trabalhando na organização de eventos.