Carlos Oliveira não esconde o orgulho. Depois de ter participado no Dakar em 2003, como piloto, o presidente do Grupo Vangest vai regressar à à mítica prova de todo-o- -terreno, que irá decorrer em Janeiro próximo, no Peru.
Desta vez atendeu ao chamado e vai exercer as funções de director desportivo de Miguel Jordão, filho de Pedro Jordão, que foi seu navegador na 25.ª edição da prova que ligou, então, Marselha (França) a Sharm el Sheikh (Egipto).
Miguel Jordão, de 28 anos, tem negócios em Sines, mas é em Leiria que o jovem piloto tem as suas raízes familiares e foi também por esta região que deu os seus primeiros passos no desporto motorizado. Conta ao JORNAL DE LEIRIA que se estreou nas corridas com pouco mais de 5 anos no Núcleo de Desportos Motorizados de Leiria.
Sobrinho de Carlos Jordão, antigo campeão nacional de kart, também Miguel se iniciou nesta modalidade, tendo conquistado vários pódios em provas nacionais durante os 12 anos que teve ligado àquela especialidade. Mas agora a aventura agiganta-se e Miguel Jordão vai correr no rali Dakar que se realiza no início do próximo ano, no Peru. Será ao volante de um veículo do Grupo 3, vulgo um buggy, e a seu lado irá um co-piloto brasileiro.
À distância, mas mesmo ali ao lado, seguirá o empresário Carlos Oliveira no seu próprio carro. As funções de director desportivo a isso exigem. A areia e as dunas serão protagonistas indiscutíveis e vão exigir toda a atenção. “São cinco mil quilómetros a partir de Lima, 70% dos quais feitos em areia. E são dez etapas do circuito que irá culminar com o regresso a Lima.”. Com tão duras condições, “o objectivo é cumprir as dez etapas e regressar bem a Lima”, expõe Miguel Jordão. “Será o cumprir de um sonho. Depois de ter visto o Carlos e o meu pai em 2003, agora vou tentar replicar o que fizeram, que foi partir de França e chegar até ao fim, no Egipto”, conta o piloto.
Entretanto, cada uma das peças do seu veículo está a ser feita de raiz para que nada falhe no dia 6 de Janeiro, quando for dado o tiro de partida. O piloto vai competir no Grupo 3, uma categoria de todo-ooterreno que está agora a dar os primeiros passos no Dakar, mas onde até já foi campeão nacional.
Antes da partida, há tempo para várias reflexões. E o piloto partilha uma delas. Lamenta que Leiria seja uma região onde existem muitos bons pilotos, mas que, além da ajuda da família, dos amigos, da equipa (South Racing) e de alguns patrocinadores, sejam tão escassos os apoios que poderiam fazer destes pilotos profissionais.
E que recomendações deve Miguel Jordão atender para cumprir, e bem, este sonho? Carlos [LER_MAIS] Oliveira deixa-lhe várias sugestões (VER CAIXA) e uma dica muito prática: “tem de levar consigo um das primeiras lições que recebi quando cheguei ao Dakar. Sempre que tiver de optar entre ter tempo para comer ou tempo para dormir, nunca hesite. Durma!”. Porque “o descanso é determinante para o rendimento do dia seguinte”, justifica o director desportivo.
Antes da prova, Carlos Oliveira deixa várias recomendações a Miguel Jordão.“Uma prova deste tipo é sobretudo uma maratona, que tem de ser levada com grande inteligência para nunca se perder o sentido da capacidade de gestão da corrida. Nomeadamente a gestão do relacionamento com os seus mecânicos, com o seu co- -piloto, e a gestão do seu próprio esforço e da mecânica”, começa por dizer o director desportivo. “E, acima de tudo, é preciso ter desportivismo. O que é, naturalmente, um aspecto para ele fácil, pelo nível de pessoa que é”, considera Carlos Oliveira. Mas ele também nunca deve esquecer a competitividade, tal como faz na sua vida profissional”, acrescenta o empresário. Quanto ao facto de ter sido escolhido como director desportivo, “sinto-me muito honrado”, confessa o empresário. Porquê? “Porque o Miguel é um personagem fantástico, que não deixa de pôr os seus compromissos familiares e profissionais à frente do protagonismo que este tipo de prova e os bons resultados nos possam trazer”, salienta o empresário. “As responsabilidades devem sempre sobrepor-se a qualquer vaidade pessoal.”