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“Não te preocupes. Só o [aeroporto] de Monte Real tem pernas para andar”. A mensagem foi enviada pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, ao presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, que a interpreta como o reforço do “compromisso do Governo” em relação à abertura da Base Aérea n.º 5 (BA5), em Monte Real, à aviação aviação civil .
A mensagem foi divulgada pelo autarca de Leiria, na última reunião de Câmara depois de, na semana passada, a Comunidade Intermunicipal de Coimbra (CIMC) ter emitido um comunicado onde dava conta da alegada intenção do Governo de estudar uma “uma solução viável para a implementação de um aeroporto na região Centro”, entre Leiria e Coimbra.
Citada pela Agência Lusa, essa nota de imprensa surgiu na sequência de uma reunião entre representantes daquela comunidade intermunicial e do Ministério das Infraestruturas e da Habitação, para discutir a localização e “construção de raiz” de um aeroporto na região Centro, como dias antes tinha anunciado o presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado,que, em reunião de executivo, afirmou que a abertura da BA5 à aviação civil é “inexequível”.
Em resposta, Gonçalo Lopes acusou o autarca de Coimbra de “mentir” e de estar a usar o assunto por “necessidade de protagonismo” e por ter “dificuldade em aceitar que esta região começa a afirmar-se do ponto de vista económico e cultural”. Durante a reunião de executivo, o presidente do Município de Leiria revelou também que tem recebido contactos de vários autarcas da CIMC a manifestar o apoio ao projecto de Monte Real.
“Houve uma intervenção infeliz do presidente da Câmara de Coimbra, que criou ruído em torno do aeroporto na região Centro. Tem uma agenda própria, mas está isolado nesta posição”, afirmou. Apesar da mensagem de tranquilidade que Gonçalo Lopes procurou transmitir, Fernando Costa, vereador do PSD, disse temer que a existência de duas pretensões – de Leiria e de Coimbra – possa “impedir uma decisão em definitivo”.
O autarca social-democrata lamentou ainda que a Câmara de Leiria não tenha, como propôs há dois anos, avançado com a criação de uma associação, que juntasse municípios, entidades empresariais e agentes do turismo na defesa da aviação civil em Monte Real.
Força Aérea “do lado da solução”
O ministro da Defesa afirmou, esta quarta-feira no Parlamento, que a Força Área “está sempre do lado da solução” e que não haverá da parte da instituição militar “nenhuma oposição dogmática” à utilização da BA5 para voos civis. João Gomes Cravinho frisou, contudo, que há questões a ter em conta, como o “grande” investimento que terá de ser feito na adaptação e a “reflexão” sobre a necessidade deste tipo de infra-estrutura. “Não é apenas por uma pulsão local que se deve tomar uma decisão desta natureza”, disse.
Por seu lado, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, disse, numa audição parlamentar, realizada há uma semana, que esta é “uma reivindicação justa” e que “é possível compatibilizar” a aviação civil com o uso militar da base. “Estamos muito disponíveis para ajudar a região [de Leiria] na negociação com a FA para que a base militar de Monte Real possa receber aviões civis”, assegurou o governante que, no próximo dia 14, irá reunir com representantes da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria.
