Não é um lar, nem um apoio do miciliário. O projecto de habitação colaborativa que a Misericórdia da Batalha tem em marcha procura juntar os benefícios de possuir uma casa própria e as vantagens oferecidas por um lar, disponibilizando serviços e acompanhamento, e garantindo autonomia aos utentes.
A aldeia sénior irá nascer na localidade de Calvaria de Baixo, numa propriedade que foi legada à instituição e que tem quase cinco mil metros quadrados, incluindo uma moradia de “estilo senhorial”, que será requalificada e transformada num edifício comunitário de apoio ao complexo, explica Carlos Agostinho, provedor da Misericórdia, revelando que, numa primeira fase, está prevista a construção de 12 apartamentos, de tipologia T0 e T1, com capacidade para 22 residentes.
Segundo o dirigente, a nova unidade pretende responder “a um universo de pessoas que ainda tem um bom grau de autonomia, que desejam manter a sua independência, mas que querem também estar acompanhadas”, conquistando a sua autonomia.
Para tal, a aldeia irá disponibilizar aos residentes um conjunto de serviços, desde lavandaria, refeições, higiene, terapia ocupacional, fisioterapia até aulas de informática, actividades manuais e artes tradicionais, passando ainda pelo turismo. Um conjunto de valências que os utentes podem escolher “em função dos seus interesses e necessidades”.
Autonomia e independência
O objectivo, frisa o provedor, é promover a autonomia dos residentes e proporcionar-lhes actividades que os ocupem e, “ao mesmo tempo, preservar a sua privacidade” e independência. “É como se estivessem em sua casa, mas com relações de convívio social, acompanhamento e vigilância”, observa Carlos Agostinho, que assinala ainda a ideia “liberdade” que os moradores vão poder sentir, em termos de vida diária, visitas ou até saídas do complexo. “É a sua casa”, conclui.
Com um custo estimado em mais de um milhão de euros, a aldeia sénior foi objecto de uma candidatura ao PRR – Programa de Recuperação e Resiliência, que está em processo de avaliação. Mas o provedor garante que o projecto é para concretizar, pelo que, a instituição encontra-se a estudar alternativas de financiamento.
“Este tipo de unidades é o futuro. Faltam respostas para quem ainda tem autonomia, mas vive sozinho e precisa de algum acompanhamento que, muitas vezes, a família não consegue dar”, nota o provedor da Misericórdia da Batalha, que espera que a aldeia comece a nascer ainda este ano ou no primeiro trimestre de 2025, com a colocação da primeira pedra.
De acordo com a memória descritiva do projecto, além da construção dos apartamentos (12 na primeira fase e outros tantos na segunda), está previsto um jardim junto ao poço existente na propriedade, com zonas de deck e de estar, com uma pérgola em madeira e elementos naturais de ensombramento, e uma horta comunitária.
Haverá também uma lavandaria comum, sala de artes e de actividades. Em termos energéticos, serão instalados painéis fotovoltaicos, de forma a garantir a “auto-sustentabilidade” da aldeia