Fixar jovens no concelho de Leiria, apostar no ambiente e na mobilidade urbana, tornar a cidade mais acolhedora e competitiva, atrair empresas e oferecer qualidade na educação, saúde, cultura e bem-estar são algumas das prioridades do Município para a próxima década.
A Câmara de Leiria apresentou na sexta-feira um conjunto de desafios que irão contribuir para a projecção do concelho até 2030, com o objectivo de garantir a fixação de jovens.
Durante cerca de uma hora, Gonçalo Lopes apresentou as principais apostas pensadas para o concelho nas diferentes áreas, com o foco na projecção de Leiria.
“O grande desafio de 2020 é preparar e construir Leiria do futuro. Além de planearmos, temos os nossos objectivos traçados na área da educação, da saúde, da reabilitação e, sobretudo, conseguir e continuar a atrair novas empresas e mais economia para o nosso concelho”, assumiu o presidente da Câmara à margem da sessão de Abertura do Ano Municipal, no Teatro Miguel Franco.
[LER_MAIS]Nesse sentido, Gonçalo Lopes anunciou a criação de um grupo de trabalho para o Planeamento de Leiria 2020-30, que irá ajudar a “traçar uma estratégia de afirmação de Leiria como um concelho de referência a nível nacional e internacional”, assente num modelo de “desenvolvimento competitivo, sustentável e inclusivo, potenciando a identidade e as especificidades do território e da população”.
“Haverá alguém que vai liderar esse processo, que queremos que seja muito participativo, envolvente e credível. A pessoa ainda não está escolhida, mas terá de ter ‘mundo’ e uma visão ampla daquilo que será o futuro de Leiria”, revelou, ao garantir que a população terá oportunidade de se fazer ouvir, embora também ainda não esteja definida a forma de como o processo será realizado.
“Dentro de dez anos, Leiria tem de estar preparada para ser um concelho de referência para fixar pessoas. Este será um ano de planeamento, em que será pensado colectivamente o futuro do concelho, com diversos especialistas e, sobretudo, com uma atenção muito especial às gerações mais novas que, dentro de uma década, vão definir e amar a cidade”, defendeu.
“Se os jovens que hoje têm 14 anos não gostarem da Leiria de 2030 não se vão fixar” na cidade, reforçou. Perante uma plateia intergeracional, Gonçalo Lopes salientou que é preciso “ter capacidade de fixar a Geração Z, que não quer ter um carro, mas usar meios de transporte alternativos e amigos do ambiente. Criar uma rede de transportes públicos que tenha veículos eléctricos e zonas cicláveis, está nos seus projectos, assim como corredores bus, para aumentar a rapidez e tornar o transporte público mais atractivo”, exemplificou.
Gonçalo Lopes anunciou ainda que o Município irá “estender a utilização das bicicletas eléctricas a outras realidades”, espalhando pela cidade “outro tipo de operadores para que se possa generalizar a sua utilização”.
Aproveitar o novo ciclo de fundos comunitários é outra das prioridades delineadas, assim como reforçar o papel das juntas de freguesia, que são o “elo mais próximo das populações”, pelo que têm um “papel fundamental na resolução imediata dos problemas dos cidadãos”.
Nesse sentido, para 2020 o Município reforçou o apoio, inscrevendo no orçamento transferências no valor de 6,1 milhões de euros. A saúde e a educação são dois pilares “fundamentais” e duas competências que irão ser delegadas até 2021 nos municípios.
“Temos preocupação de continuar a reabilitar o nosso parque escolar. Temos estado em negociações para resolver a situação do Centro Escolar de Marrazes, que será um dos maiores do País. Costumo encarar os problemas com oportunidades: com esta paragem das obras vamos conseguir transformar o pavilhão desportivo que estava projectado para a escola, num espaço que terá utilidade para a prática desportiva federada”, anunciou também.
Gonçalo Lopes destacou ainda que um dos aspectos decisivos na construção e na área da reabilitação tem sido “o esforço da diáspora em captar novos investimentos para Leiria”. O crescimento na área da habitação tem sido “assustador”.
“Sei bem do que falo, porque recebo muitos recados de processos que estão por licenciar. Leiria é a quarta capital de distrito depois de Braga, Porto e Lisboa no crescimento da habitação, o que é um sinal de que Leiria se tornou uma cidade mais apetecível para viver.”
Na projecção para o futuro, o presidente salientou algumas das características que diferenciam Leiria, nomeadamente, a localização, o bem-estar social e o espírito de entreajuda.
“Fazemos parte da região centro, mas somos a primeira cidade de grande dimensão logo a seguir a Lisboa [viajando para norte]. Este é um enquadramento que temos de reforçar na nossa estratégia de desenvolvimento. Sabemos que Lisboa representa um poder económico e de desenvolvimento muito importante, mas está sobrecarregada não só com turistas, mas com o custo de vida. A oportunidade de haver uma cidade com a nossa próxima de Lisboa pode ser um excelente escape para atrair mais oportunidades para o concelho”, salientou.
Na área do desenvolvimento social está previsto dar continuidade à aposta na reabilitação da habitação social, estando “18 projectos de intervenção social em curso”.
“O facto de ter sido debatido o muro no Bairro da Integração fez com que tomássemos a decisão de debatermos em 2020 o tema da habitação social. Que tipo de bairro é que deve ser construído nos tempos futuros?”
Apontando as candidaturas de Leiria a Cidade Europeia do Desporto em 2022 e a Capital Europeia da Cultura em 2027, Gonçalo Lopes referiu que está a trabalhar para garantir, também, uma maior área para a fixação de empresas.
Carlos de Matos desafia presidente
Este é um “pilar decisivo naquilo que é a actividade de uma câmara do futuro”. Melhorar a qualidade da bacia hidrográfica do Lis é uma prioridade. Prevêem-se a plantação de espécies autóctones e a gestão de espécies exóticas. “Vamos investir um milhão de euros por ano na iluminação pública, colocando 60 mil lâmpadas LED.” Será ainda lançado um plano de adaptação às alterações climáticas, tendo sido identificados oito territórios vulneráveis no concelho. São 22 medidas de acção, 103 linhas de intervenção e 54 acções de adaptação prioritárias.