Fundada a 8 de Abril de 1911, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Bombarral completou no mês passado 111 anos.
É a mais antiga do distrito em actividade, mas não é caso único. Há na região outras cinco instituições centenárias.
“A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Bombarral (a mais antiga em termos de funcionamento consecutivo) esteve sempre entre as que lideraram os processos de transformação ocorridos no sector, desempenhando um papel de destaque na dinamização e implementação das estruturas que formam hoje o movimento mutualista agrícola”, lê-se no seu site.
No “longo caminho percorrido”, “com altos e baixos, mas com alicerces”, destacam-se alguns passos importantes, “nunca maiores do que a perna”.
“Passar em revista as dez décadas da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Bombarral é constatar uma história de sucesso e, em simultâneo, acompanhar o desenrolar de vidas dedicadas à causa do cooperativismo agrícola”, pode ainda ler-se no site.
A 28 de Janeiro de 1912 nascia a Caixa de Crédito de Alcobaça. Entre outros marcos da sua história, em 1987 abriu a sua primeira delegação em Valado dos Frades, passando a ter como área de acção os concelhos de Alcobaça e Nazaré.
Em Setembro de 2005 incorpora, por fusão, a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Ribatejo Centro e em 2017 absorve, em processo semelhante, a Caixa do Cartaxo.
A denominação é então alterada, para Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Alcobaça, Cartaxo, Nazaré, Rio Maior e Santarém.
Que factores explicam a longevidade desta instituição? “O seu distinto modelo de negócio, mais focado na qualidade do serviço a associados e clientes e menos nos resultados financeiros, fruto do seu modelo societário cooperativo”, explica ao JORNAL DE LEIRIA o Conselho de Administração.
A estes factores alia-se “um profundo conhecimento do mercado onde opera e uma prudente gestão de riscos, que lhe permitem grande adaptabilidade aos diferentes ciclos económicos”.
Para os dirigentes da Caixa de Alcobaça, o que distingue o Crédito Agrícola das outras instituições bancárias de retalho é “o seu modelo de governance, a sua proximidade e rapidez na resposta, e a sua preocupação com todos os stakeholders – colaboradores, associados, clientes, fornecedores e a comunidade em geral, onde se insere e apoia frequentemente, nas diversas vertentes sociais, culturais e desportivas”.
A isto junta-se “a prática comum de um preço justo, ao nível das operações de financiamento e nos seus preçários em geral, que são dos mais reduzidos do sistema bancário nacional”, frisa o Conselho de Administração.
“Apesar de nem sempre ser totalmente perceptível, as Caixas que integram o Grupo Crédito Agrícola, como é o caso de Alcobaça, são instituições de crédito modernas, que prestam serviços bancários universais, a particulares e empresas, disponibilizando os seus produtos e serviços competitivos, através da maior rede de agência do País ou através das suas diversas plataformas digitais”, acrescenta.
Já a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche tem a sua génese na constituição da CCAM de Alvorninha, em 1913.
“Conhecedora e cúmplice dos seus associados, manteve na sua acção e participação na sociedade os valores basilares do mutualismo e do cooperativismo, o que permitiu que durante todo o século XX se adaptasse às mudanças políticas, acrescentando-lhes valor”.
Para o Conselho de Administração (Luís Soares, Cristiana Lourenço e João Silva), o “percurso e subsistência” desta caixa “deveu-se ao legado dos seus fundadores, ao contributo dos seus associados e colaboradores, bem como à estratégia de grande proximidade com as pessoas e de sólida inserção nos meios rurais, o que lhe permitiu durante todos estes anos o desenvolvimento agrícola”.
“Mais tarde, a imagem mudou e a prática também, tendo a tecnologia disponível em finais do século XX cortado distâncias e oferecendo vantagens competitivas que marcam hoje a optimização e modernidade da instituição”, explicam os dirigentes.
“A digitalização não substitui nem procura substituir a proximidade da banca, especialmente a do grupo que sempre tem primado por uma personalização no tratamento dos seus clientes, por vezes com um forte significado afectivo e relacional, mas a união destas duas realidades – a de fidelizar clientes antigos e captar a nova geração de consumidores – é inevitável e uma oportunidade para o grupo se fortalecer”.
A fundação da federação nacional (Fenacam), a criação da Caixa Central e a integração no Sistema Integrado de Crédito Agrícola (Sicam) “reforçou o nosso crescimento e os resultados alcançados que são o testemunho da confiança que as pessoas têm na Caixa Agrícola e no Grupo Crédito Agrícola como um todo”, acrescenta o Conselho de Administração da instituição de Caldas.
“O crédito agrícola diferencia-se no mercado bancário português por ser uma instituição com especiais valores e por ser o único banco a operar em Portugal, filiado no sector bancário cooperativo europeu, com capitais exclusivamente nacionais”, adiantam ainda.
As caixas agrícolas “fazem parte das comunidades que as viram nascer e crescer, são olhadas como um património da sociedade”, aponta o Conselho de Administração da instituição de Caldas da Rainha.
“Souberam preservar a sua identidade, adaptando-a a todos os desafios e obstáculos, residindo a sua virtude na confiança e na proximidade com as pessoas, com a sua origem, evolução e integração no meio local, o que contribui para o bem-estar e progresso das regiões onde estão inseridas”.
A Caixa de Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche tem 12 agências nestes concelhos, “contribuindo ao nível económico, social, cultural e desportivo para o progresso das comunidades locais, porque encontrando-se enraizada na sua área de acção geográfica tem uma proximidade com os seus clientes que lhe permite estar atenta às suas necessidades”, quer ao nível do crédito (quota de mercado de 15,4%), quer ao nível da “absorção de parte substancial das poupanças das empresas e particulares (quota de mercado de 23,5%).
Leiria é outra das Caixas Agrícolas centenárias do distrito. Tal como a do Bombarral, não integra o Grupo Crédito Agrícola.
Nasceu a 3 de Janeiro de 1915, sem fundos, mas conseguiu afirmar-se como uma das instituições bancárias mais sólidas do País.
Actua nos concelhos de Leiria, Marinha Grande e Ourém, depois de em Setembro de 1996 ter integrado, por fusão, a Caixa da Urqueira, também ela centenária: foi criada a 4 de Fevereiro de 1922.
Mário Matias, presidente da Caixa de Leiria, admite que o facto de ser uma instituição de modelo cooperativo, onde “cada sócio tem um voto e ninguém domina” ajude a explicar a longevidade.
“Somos 11.500 sócios. Os administradores são trabalhadores da Caixa e têm de reportar, nenhum manda mais do que os outros”.
Criada a 3 de Junho de 1917, a Caixa Agrícola de Pombal é a outra instituição do distrito com mais de 100 anos. Além deste concelho, actua ainda nos de Soure, Condeixa-a-Nova e Penela, através de 20 balcões.
Tal como no caso da Caixa do Bombarral, não foi possível ouvir o Conselho de Administração da instituição de Pombal.