Após o anúncio da imposição de tarifas de 25%, para a importação para os EUA de aço e alumínio, os primeiros cálculos apresentados para o impacto nas exportações portuguesas é de mil milhões de euros, em especial, na metalurgia, metalomecânica e materiais de construção.
Contudo, ainda não se sabe se as novas taxas incidem apenas sobre a matéria-prima ou se também têm como alvo os materiais já transformados.
No primeiro caso, o impacto será menor, mas, no segundo, em áreas como os moldes, os prejuízos podem ser elevados. “Até ao dia de hoje, não há uma implicação directa no nosso sector.
Poderá ser indirecta, por via dos produtores finais, que tenham dificuldades em vender os seus produtos, prolongando o lançamento de novos produtos”, explica o secretário-geral da Cefamol – Associação Nacional da Indústria de Moldes.
“Estamos a viver, acima de tudo, uma indefinição e é difícil realizar os investimentos previstos, ainda mais quando a situação se altera, praticamente todos os dias”, resume Manuel Oliveira.
Se as tarifas se aplicarem também aos produtos transformados, poderá haver outras soluções.
Luís Febra propõe a negociação de serviços de engenharia e de outros que não são de manufactura.
Também o CEO do Grupo Socem lamenta o limbo actual.
“Neste momento, podemos falar apenas em perspectivas e cenários”, sublinha.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, dos 224,5 milhões de euros facturados a nível distrital pelo sector dos moldes, em 2022, e 291,8 milhões, em 2023, apenas 10,2 e 14,9 milhões, respectivamente, são relativos a exportações para os EUA.
Em 2024, os números provisórios apontam que a percentagem do volume de negócios, com aquele país foi de 7,5%.
“Foi o nosso quarto mercado”, lembra o secretário-geral da Cefamol. Com a perda de valor nos negócios com países europeus, maioritariamente devido ao sector automóvel, é fácil de perceber que a generalidade das empresas, nos seus planos estratégicos, tenha como meta o aumento de relações comerciais com os EUA.
“Tem havido investimento nos últimos tempos, resultados e crescimento nos últimos dois anos. Vamos ver se isto afectará a continuação desses negócios”, diz este responsável.
Oportunidades na defesa?
Internamente, na União Europeia, a defesa é uma área que terá tendência a crescer.
“A dúvida é percebermos onde podemos posicionar- -nos nas cadeias de produção. Há necessidade de fazer todo trabalho de conhecimento de mercado, perceber quem são as empresas, quem são os players, qual a necessidade de produtos, para percebermos onde nos poderemos posicionar”, afirma Manuel Oliveira.
O secretário-geral da Cefamol alerta, contudo, que será um processo que vai demorar tempo e, provavelmente, levará as empresas a produzir artigos que não são imediatamente óbvios.
“Além dos drones, há um manancial de produtos e intervenções que podem ser feitas em diferentes áreas, mas é preciso ir conhecê-las e entender como se entra nestes processos de compras, que muitas vezes são da responsabilidade dos próprios Estados, e não apenas de empresas individuais.”