O barulho e a vibração provocada por um ginásio, localizado na Praceta da Sismaria, na zona da Estação, em Leiria, estão a motivar protestos de vizinhos, que se queixam de não terem descanso dentro das suas próprias casas.
O proprietário garante que o espaço “cumpre a legislação” e que possui “todas as licenças”. Já a câmara confirma a recepção de várias queixas, assegurando, no entanto, que o estabelecimento está “devidamente licenciado”.
“É muito complicado aguentar o barulho constante, todos dos dias da semana, sábado, feriados e agora até aos domingos. Não temos um dia de descanso”, desabafa Fernando Carvalho, que reside nas imediações e que já enviou uma exposição à câmara sobre o assunto, à qual não obteve resposta.
Além do barulho da música, Pedro Rosado, que também vive junto ao ginásio, queixa-se das vibrações resultantes da actividade do ginásio. “Chego a acordar com o estremecer das vibrações. O estrondo dos pesos a caírem no chão incomoda e muito”, relata Pedro Rosado, que aponta também estragos na habitação, como fissuras e tinta estalada. As vibrações, diz, são de tal forma, que “se chega a ouvir ruído dentro dos móveis provocado pelo bater dos utensílios”. “Toda a situação causa desgaste e perturba o bem-estar de quem vive e trabalha nas imediações”, alega o morador.
“É um martelar constante, muito incomodativo”, reforça Isabel Bernardes, que trabalhou por baixo do ginásio – que funciona num primeiro piso -, numa empresa que, entretanto, mudou de instalações. Segundo conta, “a situação ajudou a tomar a decisão de deslocalização”. “Saía quase todos os dias do trabalho com dores de cabeça.”
O problema, aponta Pedro Rosado, é permitir-se este tipo de ginásio, dedicado ao cross-training, em zonas residenciais, “sem uma vistoria presencial e avaliação das condições locais para a prática da actividade, de forma a evitar a perturbação da população local”.
Fernando Marques, Sílvia Silva, Hélder Gomes, Sabina Gomes, Sara Teixeira, Catarina André, Carina Teixeira, Claúdio Pereira, Marco Pais e Susana Marques, que vivem na zona, partilham as queixas de Pedro Rosado, Isabel Bernardes e Fernando Carvalho relativas ao barulho e às vibrações provocadas pelo ginásio. Os moradores salvaguardam, no entanto, que “ninguém pretende o encerramento” do espaço, mas que sejam “criadas condições para que funcione sem incomodar as pessoas”.
O JORNAL DE LEIRIA contactou o Elite Fitness 244, com a chamada a ser atendida por alguém que se identificou como “responsável pelo espaço”, mas que se recusou a revelar o nome. Garantiu que o estabelecimento “está licenciado” e que “cumpre a legislação”, adiantando, contudo, que, “como funciona num primeiro andar, há sempre alguma vibração” mas “dentro do que é permitido”.
Confirmando a recepção de cinco queixas, a Câmara de Leiria assegura que o espaço está “devidamente licenciado, possuindo alvará de alteração de utilização para comércio/serviços e actividade de ginásio”. A autarquia informa ainda que já foi efectuada uma avaliação acústica, que concluiu pela “inexistência de evidências de incumprimento do Regulamento Geral de Ruído”.
“A medição ficou 1dB [decibel] abaixo do limite. Esta medição foi casuísta e pontual. Assim, é praticamente impossível apurar o ruído, que é inconstante e depende da afluência registada no espaço do ginásio”, avança um dos moradores ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA.