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Temas de jazz com 10 anos podem ser memórias difusas, mesmo para músicos experientes. É preciso resgatá-los do pó, antes de voltarem a escutar-se com alta fidelidade, um trabalho difícil que, de facto, alguém tem de fazer.
“Foi tramado. Do género: está mesmo mau”, brinca Fabrício Cordeiro, sobre o reencontro do colectivo Moustache. “Lembrava-me de algumas músicas porque são minhas, o Bruno sabia mais ou menos, o Joel sabia mais ou menos, só que mais ou menos não chega”, assinala o pianista e principal compositor do quarteto de Leiria. “Olha, tivemos de ensaiar mais vezes”.
Agora que a máquina está, de novo, afinada, os Moustache comemoram na sexta-feira, 2 de Junho, 10 anos do disco de estreia com um espectáculo no Teatro Miguel Franco, em Leiria, precisamente a sala onde se apresentaram ao vivo pela última vez.
“Já não tocamos desde 2015 ou 2016, se não me engano”, comenta Fabrício Cordeiro, que, entretanto, lançou vários trabalhos a solo, publicou um livro e se dedicou ao desenho e à pintura.
Someone Else, gravado (sem público) no Teatro José Lúcio da Silva e editado em 2013, depois de uma campanha de angariação de fundos na internet, levou-os a palcos de norte a sul do país.
“Fizemos uma data de concertos, nas Fnac’s, na livraria Ler Devagar em Lisboa, também estivemos num sítio muito interessante no Porto”, recorda. “Acho que posso falar por todos: o projecto foi uma coisa boa, mesmo”.
Na plataforma digital Bandcamp, a banda descreve Someone Else como um álbum de jazz “inspirado na beleza e na amizade”, com influências da música clássica. “E temos algumas baladas, mas vamos tentar que as pessoas não adormeçam”, ironiza Fabrício Cordeiro.
“A melancolia” é talvez o sentimento mais presente na sonoridade dos Moustache, concede, “mas com muita esperança”, acrescenta, “e, em algumas músicas, com bastante energia e força”.
Por exemplo, “Trust”, um dos dois temas novos que se preparam para tocar na sexta-feira. “É um registo, que não sei onde fui buscar, cheio de movimento”.
No Teatro Miguel Franco, Fabrício Cordeiro será acompanhado por Bruno Homem (saxofone), Joel Madeira (baixo) e David Moreira (bateria, em substituição do baterista original, Valter Cordeiro, actualmente piloto de aviação).
Está previsto um alinhamento com aproximadamente 50 minutos e 10 temas, oito dos quais extraídos do CD Someone Else.
Se é data única ou regresso à estrada, mais à frente se verá. O importante, para já, é o momento, diz ao JORNAL DE LEIRIA. “A grande alegria que é pisar o palco e tocar estas músicas e saber que algumas pessoas de há 10 anos vão estar lá”.
