A incerteza paira sobre o Consolata Museu – Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata, em Fátima. O espaço, que integra a Rede Portuguesa de Museus, deverá passar a abrir apenas para visitas com marcação.
Isso mesmo é assumido ao JORNAL DE LEIRIA pelo padre Bernard Obiero, representante da congregação em Portugal, adiantando que, dentro de dias, está prevista uma reunião com a Liga dos Amigos do museu para debater o futuro do espaço.
“Está tudo em aberto. Não iremos fechar completamente, mas também não temos condições para manter o actual modelo de funcionamento”, reconhece o sacerdote, admitindo que a solução deverá passar pela abertura do espaço mediante “marcação”.
Bernard Obiero sublinha a dificuldade em manter o museu, que se acentuou com crise pandémica. “Se antes já não era fácil manter as portas abertas, com a pandemia [LER_MAIS]tornou-se ainda mais complicado”, assume.
A par dos constrangimentos provocados pela Covid-19, Gonçalo Cardoso, que na semana passada cessou funções como director e conservador do museu, aponta também o “desinvestimento operado nos últimos sete anos”.
Situação que levou à extinção do seu posto de trabalho e “ao fim da abertura regular do museu ao público”, como explica numa publicação feita no facebook. Nesse texto, Gonçalo Cardoso dá conta da escassez de recursos humanos do museu, que já no período pré-pandemia funcionava apenas com “uma recepcionista, uma auxiliar de limpeza e um técnico de manutenção a tempo parcial”, além dele próprio. No último ano, o espaço contou somente com os serviços de uma recepcionista e do director.
Inaugurado em 1991, o Consolata Museu reúne uma colecção de arte sacra portuguesa e de etnografia de vários países do mundo. Do seu acervo fazem parte colecções de presépios, de imagens de Menino Jesus e crucifixos dos séculos XIV ao XX, e objectos de uso quotidiano dos povos com quem os Missionários da Consolata têm ou tiveram contacto (Amazónia, Quénia, Zaire, Angola, Guiné, Moçambique e Extremo Oriente).
Tem ainda expostas relíquias dos beatos Francisco e Jacinta Marto, onde se inclui um barrete usado pelo pastorinho e oferecido pelo seu pai à congregação. A par da componente expositiva, o museu dispunha de serviço educativo e de oficinas pedagógicas, sendo ainda palco de outras actividades culturais.
Integra a Rede Portuguesa de Museus (RPM) desde 2003 e obteve duas menções nos Prémios APOM (Associação Portuguesa de Museologia) e a certificação International Herity (Organização Mundial para a Certificação de Qualidade e da Gestão do Património).