Quando se chegar ao quarto espectáculo do 43.º Música em Leiria, agendado para 16 de Março, o Quarteto Contratempus e a Banda Sinfónica Portuguesa propõem uma Delícia de Morangos e Chantilly em forma de cantata cénica.
De acordo com a ficha técnica, Edward Ayres d’Abreu escreveu o libreto “em colaboração com o ChatGPT e outras fontes de inteligência artificial”. O texto inclui personagens como Bunny tipo coelhinha e, segundo o director do festival organizado pelo Orfeão de Leiria, António Vassalo Lourenço, é “uma sátira” que brinca com “uma série muito conhecida” da televisão portuguesa, mas também traz “assuntos relacionados com a modernidade”, por exemplo, a IA, que “está a mexer com tudo”, inclusivamente, “com as artes”.
Abertura com dança
O espectáculo de abertura do 43.º Festival Música em Leiria – Hashtag#Free, pela Quorum Dance Company, sobre direitos humanos e sentimentos de fraternidade, paz e respeito pela diferença – tem direcção artística e coreografia de Daniel Cardoso e está marcado para esta quinta-feira, 6 de Março, pelas 21:30 horas, no Teatro José Lúcio da Silva.
Na próxima quarta-feira, 12 de Março, às 19:30 horas, o Centro de Diálogo Intercultural de Leiria – Igreja da Misericórdia acolhe o concerto Viagem musical: geografias, estilos e épocas, do Quarteto Chiado, que vai navegar através de obras de Brahms, Wagner, Glenn Miller, Carlos Gardel e Jobim, entre outros compositores.
Outros tempos e latitudes
A edição de 2025 mantém o foco na coesão territorial e materializa-se entre 6 de Março e 23 de Abril em Leiria, Pombal, Batalha e Porto de Mós, precisamente, à volta do tema “viagens”. Ao todo, 16 espectáculos, mais dois extra-festival – o quarteto de guitarras Canticum na Marinha Grande (18 de Maio) e a harpista Beatriz Cortesão (vencedora do Prémio Jovem Músico do Ano 2023 da RTP / Antena 2) em data e local a anunciar – e ainda os concertos didácticos no norte do distrito que vão decorrer em Junho.
Durante a sessão de apresentação do 43.º Música em Leiria, António Vassalo Lourenço explicou que o festival viaja no espaço e no tempo – do período medieval ao presente tecnológico, da América do Sul ao coração da Europa – e com música clássica, dança, jazz e literatura respeita a matriz dos últimos anos: casar “o passado” e “a criação que se faz hoje”, “olhar para o meio profissional e para a sua ligação ao meio académico”, “trazer os grandes artistas portugueses”, mas também “os jovens valores que se estão a afirmar”, oferecer desde recitais a solo até grandes grupos.
De Ravel a Piazzolla
Diferentes estéticas, vontade de inovar e ambição de captar novos públicos. A programação evoca os 500 anos (1524-2024) do nascimento de Luís de Camões (Nova Era Vocal Ensemble com Orquestra 1755 & Afonso Ruivo Cardoso), os 150 anos do nascimento de Maurice Ravel (Ars Ad Hoc), mas, também, o legado de Duke Ellington (Big Band do Orfeão de Leiria com o baterista Rui Lúcio) e o lirismo de Guerra Junqueiro (BeOmni Expression).
Entre outros momentos, Filipe Raposo e Rita Maria vão cruzar o jazz com a música erudita e o cancioneiro tradicional português e o ensemble Noa Noa apresenta um projecto baseado nas línguas ibéricas.
Não falta tango (Coro do Orfeão de Leiria & Tango4Women com obras de Piazolla e Martín Palmeri) nem sons do Brasil (o trompetista Gileno Santana com a Filarmonia das Beiras). Destaque, ainda, para o Requiem de Mozart, pelo Coro & Orquestra DeCA da Universidade de Aveiro no Mosteiro da Batalha.