Foi publicado o relatório sobre corrupção relativo a 2019 da organização Transparência Internacional (Corruption Perceptions Index 2019), abrangendo 180 países e territórios deste planeta.
Como habitualmente, este índice vai de 0 (zero) a 100 (cem), correspondendo 0 a “muito corrupto” e 100 a “muito limpo”.
No topo dos países menos corruptos mantêm-se a Nova Zelândia e a Dinamarca, com 87 pontos cada, seguidos pela Finlândia (86), Singapura, Suécia e Suíça, com 85 pontos cada.
Portugal está no 30.º lugar do ranking com 62 pontos, ex aequo com Barbados, Qatar e Espanha.
Comparando com o ano de 2012, melhoraram o seu ranking 22 países e desceram 21 países.
Contudo, de um modo geral, não se registaram grandes alterações nesta série, registando-se pouco ou nenhum progresso no combate à corrupção nos restantes países, continuando a Europa Ocidental e a União Europeia a liderar o ranking por regiões (66 pontos de média) e a África Subsariana a continuar na cauda com a média de 32 pontos.
Infelizmente, a classificação média de cerca de dois terços dos 180 países avaliados desde 2012 é inferior a 50 pontos, especificamente 43 pontos. É de realçar, no entanto, que mesmo nos países mais “limpos”, a corrupção ainda existe, particularmente nos casos de lavagem de dinheiro e noutras formas de corrupção protagonizadas pelo sector privado a nível transnacional.
Por exemplo, na Islândia (11.º lugar no ranking com 78 pontos), uma grande empresa islandesa de pescas (Samhergi) subornou governantes e altos funcionários da Namíbia e Angola para obter licenças de pesca massivas, pagando esses subornos em paraísos fiscais através do DNB, um banco estatal da Noruega (7.º país no ranking com 84 pontos).
Este esquema já levou à detenção da antiga ministra das pescas angolana.
Outros casos semelhantes de alta corrupção, envolvendo pagamentos de subornos e lavagem de dinheiro aconteceram na Suécia, no Canadá, Suíça, e Alemanha, envolvendo grandes companhias privadas e bancos gigantes.
Estas ocorrências resultam de uma reprovável ligação entre a política e o dinheiro, traduzida em troca de favores para o financiamento de campanhas eleitorais, da não regulamentação da actividade de lobbying, da leveza de actuação das entidades reguladoras, dos conflitos de interesses entre cargos públicos e interesses privados e da inexistência de checks and balances efectivos e de maior envolvimento dos cidadãos na tomada de decisões pelos governantes e administração pública.
A corrupção existe porque existem corruptos, pessoas que querem ser corrompidas e facilitadores por omissão das suas responsabilidades.
No final de tudo, para esta classe de gente, a Eng.ª Isabel dos Santos foi uma PIP (Pessoa de Interesse Público).