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Home Sociedade

Nery, uma escola desenhada a várias cores

Daniela Franco Sousa por Daniela Franco Sousa
Dezembro 21, 2018
em Sociedade
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Nery, uma escola desenhada a várias cores
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Quando espreita a lancheira, Sachpreet está curioso para saber que merendinha lhe preparou a mãe. Às vezes há pão de forma. Mas outras vezes há uma iguaria de batatas com queijo e especiarias, que desperta a curiosidade dos colegas da escola. “Alguns meninos experimentaram. Dizem que é muito diferente do que costumam comer. Mas gostam”, explica o jovem aluno, que chegou a Portugal há dois anos, vindo de Punjab.

Quando deixou o Noroeste da Índia e se instalou com a família na Marinha Grande, tudo parecia complicado a Sachpreet. A começar pela comunicação. Mas as memórias desses primeiros tempos parecem ser já muito remotas ao rapaz de 12 anos, tais foram as muitas formas que rapidamente encontrou para conversar, para aprender e para brincar com meninos de outras origens.

Descobrir outras crianças indianas a residir há mais tempo na mesma cidade e na mesma escola foi uma grande ajuda. Agora o rapaz consegue compreender e falar razoavelmente em Português, além do Inglês e das outras duas línguas que já dominava na Índia.

“E no segundo período vai ensinar- -me a mim e aos outros meninos como se fala em Punjab”, interrompe Ana Baio, professora de Inglês e de Cidadania, que está orgulhosa do percurso deste e de muitos outros meninos que, tendo as mais diferentes nacionalidades e culturas, se sentem integrados na Escola Básica Prof. Nery Capucho.

E Sachpreet continua a desfiar as suas conquistas. Embora não goste particularmente de futebol, revela partilhar com os outros jovens o gosto pelo desporto. No seu caso, prefere taekwondoe badminton. Quanto ao xadrez, é uma das paixões que comunga com uma série de crianças que conheceu através do clube que promove a modalidade na escola.

 [LER_MAIS] E ouves música? “Indiana e inglesa”, prontifica- se a esclarecer Sachpreet, que já ensinou alguns temas aos colegas.

Alina, de 12 anos, é outro caso de integração bem sucedida. Chegou da Ucrânia em 2016 e já domina perfeitamente o Português, embora tropece uma ou outra vez nas palavras com “s” e com “r”, aponta a professora Ana Baio. Confessa que ainda continua a preferir “sopa vermelha”, que come em família, com os pais e o irmão mais novo, também residentes na Marinha Grande, mas entretanto já se rendeu à moda “aportuguesada” de confeccionar massa com atum.

E este ano, mais que nunca, a menina diz estar ansiosa pela chegada do Natal, que voltará a ser celebrado com a família alargada, no Norte da Ucrânia. Tal como foi importante para Alina ter alguém na sua escola que já dominasse Português e que lhe servisse de tradutor, também a menina está a ser peça fundamental para Kiryl, de 10 anos, que chegou da Ucrânia há quatro meses e admite que “falar é o mais difícil”.

Promover o contacto entre alunos das mesmas origens, e até mesmo o contacto entre agregados familiares das mesmas nacionalidades, pode ser uma forma de introduzir os cidadãos recém-chegados na comunidade local. É uma ferramenta informal que as escolas não devem negligenciar, nota a professora.

Já Kyrylo e Alexandra são apresentados como portugueses. São, respectivamente, a segunda geração de uma família ucraniana e de uma família francesa, onde as crianças, já totalmente integradas e até aculturadas às vivências desta cidade, avançam com outro desafio, o de ajudar na integração dos próprios pais, explica Ana Baio.

Saber (con)viver com saudades de casa

Embora tenha sido particularmente expedita a dominar Português, Jasmin continua sem gostar de viver por estas paragens. E está longe de ser caso isolado, explica a professora Ana Baio, que reconhece a grande dificuldade que representa para muitas crianças deixar parte da família, os amigos e as suas terras natais para trás. Por vezes precisam de um certo espaço e de tempo para cumprirem o seu “luto”, até que se manifestem disponíveis para participar nas actividades propostas pela escola, relata a docente.

Jasmin, de 12 anos, é italiana e chegou a Portugal há três anos. É filha de mãe ucraniana e de pai egípcio. Fala perfeitamente Português, que aprendeu em pouco mais de dois meses, domina Ucraniano, Russo, Italiano e está a aprender Inglês e Espanhol. Embora se sinta “bem tratada” em Portugal, diz preferir viver na Itália. Sente a falta da boa lasanha, dos seus amigos e da maneira de ser “mais expansiva” do seu povo.

É com muita saudade do Brasil que nos falam também Karoline e Anna Beatriz. Karoline tem 13 anos e chegoua Portugal há um ano e oito meses. Perfeitamente enturmada, admite que está de olho num rapazito português. “Gostaria de ter um namorado brasileiro, mas gosto deste”, conta a aluna, em jeito de lamentação. Isto porque reconhece que o seu futuro passará pelo regresso ao Brasil. É pelo menos essa a vontade dos seus pais que, apesar da crise social vivida do outro lado do Atlântico, “tinham lá um emprego estável”.

Voltar rapidamente ao Brasil é também o desejo do pai de Anna Beatriz, que sente falta da actividade profissional que deixou para trás, como comercial de automóveis, relata a menina.

Escola arrecada prémio de Direitos Humanos

Nesta escola com quase 500 crianças, em poucos anos o Português passou a ser apenas uma entre cerca de uma vintena de línguas diferentes. Entre ucranianos, indianos, brasileiros, venezuelanos, romenos, moldavos, franceses, um norte-americano, uma italiana e algumas crianças de etnia cigana, contam-se agora quatro dezenas de alunos de origens, línguas e tradições muitos distintas.

Promover o diálogo e a integração de todas estas crianças, sem deixar de respeitar a identidade de cada um, tem sido um desafio para esta instituição, onde o número de meninos estrangeiros tem vindo a crescer exponencialmente, por força da guerra, do desemprego ou de outras situações de crise que se fazem sentir nos seus países.

Não existem propriamente receitas, mas são reconhecidas as actividades que têm sortido bons efeitos nesta escola. Além de horas semanais dedicadas ao ensino de Português para os falantes não nativos, e de uma cantina onde nunca faltam pratos vegetarianos a pensar também em quem professa outras religiões, a escola conta ainda com espaços lúdicos que promovem a interacção de todas as crianças, como é o caso do Clube de Xadrez.

E incentiva-se ainda a divulgação dos diferentes costumes, seja pelas apresentações de danças tradicionais, de performances musicais ou até da gastronomia, com eventos que procuram envolver e trazer as famílias à escola. Ana Reis, professora de História que coordena a biblioteca e o Clube de Xadrez, foi uma das docentes que mais rapidamente se apercebeu da diversidade cultural desta instituição, bem como dos desafios que se colocam à integração dos alunos estrangeiros na escola.

Afinal, é geralmente à biblioteca que acorrem primeiro estes alunos, na ânsia de tentar aprender Português para derrubarem a enorme barreira que é a língua, explica a docente.

A sensibilidade de Ana Reis para a temática levou-a a responder ao desafio lançado pelo Ministério da Educação e a arquitectar um projecto capaz de dar trunfos no concurso Livres e Iguais: Escolas pelos Direitos Humanos.

Ana Reis sabia que outros docentes da Escola Básica Prof. Nery Capucho estavam a trabalhar estas matérias em cada uma das suas disciplinas (a professora Ana Baio estava a debater os Direitos Humanos nas aulas de Inglês e de Cidadania e a professora Paula Cardoso, no Clube Europeu, estava a abordar o papel interventivo da Amnistia Internacional).

E logo engendrou um projecto onde, com o contributo das várias docentes, fosse abordada a temática dos direitos humanos, da cidadania e dos problemas de discriminação numa escala internacional. E o resultado? Excelente! Mariana Violante, activista da Amnistia Internacional (AI) foi convidada para ir à escola falar sobre direitos humanos e sobre o papel da AI, sendo que a sua exposição foi intercalada com várias intervenções, apresentações de dança, música, entre outras actividades desenvolvidas por um vasto grupo multicultural de alunos.

Toda a tónica do projecto recaiu sobre e a luta contra a discriminação. E a forma como esta escola tem sabido acolher e respeitar estudantes de várias nacionalidades, de diferentes credos e costumes, e a maneira como soube verter essa experiência nesse projecto a que chamou A Cultura do Mundo na Escola: Línguas Diferentes Direitos Iguais, não foram indiferentes ao júri do concurso Livres e Iguais: Escolas pelos Direitos Humanos, o tal desafio integrado na iniciativa A Voz dos Alunos, promovido pelo Ministério da Educação.

Através do projecto desenvolvido pela Escola Básica Prof. Nery Capucho, o Agrupamento de Escolas Marinha Grande Nascente acabou mesmo por arrebatar o primeiro prémio do concurso. E durante a apresentação do mesmo, que decorreu em Lisboa no passado dia 10 de Dezembro, por ocasião das Comemorações dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os 40 anos da adesão de Portugal à Convenção Europeia dos Direitos Humanos, Vital Moreira, presidente do júri, teceu os maiores elogios ao grupo multicultural que o apresentou.

O constitucionalista, e também comissário das comemorações do 70.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, disse que aquele era também "um prémio à diversidade e à inclusão" e "um prémio que diz muito dos tempos e do Portugal que queremos".

Agora, para brindar o desempenho dos alunos e dos professores que desenvolveram o projecto, 17 alunos e três docentes terão oportunidade de ser recebidos pelos mais ilustres representantes da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Paris.

 

Etiquetas: educaçãoinclusãoprémiosociedade
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