Imagine que está na praia e, de repente, um pequeno robô chega perto de si com a bela e cremosa bola de Berlim que encomendou minutos antes através de uma app no seu telemóvel.
Estará a assistir ao resultado de uma ideia criada por dois visionários de Leiria que, quis o destino, se encontraram num evento de networking, promovido pela Startup Leiria.
O termo, em voga no mundo dos negócios, serve para caracterizar a acção de criar e expandir uma rede de contactos com potencial, em eventos únicos organizados para esse fim ou em reuniões periódicas de clubes de empreendedores.
“Em qualquer negócio, a rede de contactos e de conhecimentos é importante, porque através dela encontramos parceiros, fornecedores, clientes e oportunidades.
Aliás, um dos atributos do gestor é o papel relacional e a interacção entre a sua organização e as exteriores”, refere Vítor Ferreira, director-geral da Startup Leiria.
Esta organização actua nos sectores do empreendedorismo e da inovação, onde o networking pode ser relevante nestas áreas, razão pela qual tem organizado vários momentos de criação de redes profissionais.
[LER_MAIS]“Por vezes, a nossa capacidade criativa fica um bocadinho toldada porque as pessoas com quem estamos são-nos semelhantes.”
Se quem estudou gestão ou engenharia tem um grupo próximo onde quase todos são gestores e engenheiros, não tem uma rede criativa e diversa.
Contudo, os projectos inovadores implicam novos conceitos para chegar ao mercado, e é necessário colocar em contacto a engenharia com a informática, a biotecnologia, a inteligência artificial e a gestão.
A informalidade é a tónica do networking da Startup Leiria que criou vários eventos como as Empowering Fridays, onde os CEO são postos a falar entre si sobre os seus problemas.
Há convidados ainda externos de empresas como a Amazon, Microsoft ou Hubspot.
Já nas Wine O’Clock juntam-se as pessoas para uma conversa, prova de vinhos e queijos.
E há igualmente festas como a Welcome Summer ou a Get back to work. “O poder da informalidade é muito importante neste tipo de networking”, explica o director-geral.
Do CEO da maior empresa de Leiria, a investidores, “aos miúdos que estão a estudar na licenciatura ou no doutoramento”, todos são convidados.
“De repente, entre duas cervejas e uma conversa, temos alguém que cria um novo projecto de empreendedorismo, porque ficou a conhecer algo de que não fazia ideia. Criam-se conexões improváveis!”, resume.
Mas há eventos formais como o DemoDay que aconteceu no Castelo de Leiria, onde as dez melhores startups da região fizeram pitches, com a presença de investidores de capital de risco e empresários locais.
Regras, hábitos e compromisso
António Afonso é o director executivo do BNI Centro e Oeste, uma espécie de “clube de empreendedores” que pertence, em regime de franchise, à maior organização de networking profissional do Mundo onde empresários e empreendedores estabelecem ou criam redes de contactos com regras, hábitos e compromisso.
“É uma plataforma parecida com a rede Linkedin, onde estão todos os 304 mil membros oriundos de todo o Mundo. Todas estas pessoas foram entrevistadas e são mesmo quem dizem ser. Não se pode pertencer ao BNI sem haver alguém que ateste a credibilidade do membro”, diz.
Mediante o pagamento de uma jóia anual, é possível participar nas reuniões, conhecer outras pessoas com interesses comuns ou que sejam complementares e, mais importante, aprender a metodologia BNI.
Os grupos, distribuídos geograficamente, reúnem uma vez por semana durante cerca de duas horas, numa reunião que se divide em três partes.
“No networking inicial, conhecemos pessoas novas e temos a oportunidade de falar com aquelas que já conhecemos. Podemos trabalhar semanalmente relações de confiança com os empresários e empresárias nessa reunião”, explica António Afonso.
No BNI, cada empresário deve escolher uma actividade profissional ou económica e, dentro do grupo não pode haver mais nenhum membro a desenvolvê-la. Não há concorrência.
“A ideia é que se crie uma consciência colectiva de especialistas e não de empresas. Há algumas pessoas que não gostam desta ideia. Mas quando nos especializamos, o nosso valor aumenta. Afinal, quando se vai a um médico, paga-se mais aos especialistas, não é?”
O BNI ensina ainda os empresários a sintetizar e a estruturar o pensamento e a melhorar a capacidade de comunicação, colocando vários desafios. Um deles passa por fazer um pitch semanal obrigatório onde apresentam o seu negócio em 30 segundos.
Duas vezes por ano, têm dez minutos para fazer uma exposição mais aprofundada.