Natureza, comunidade, auto-conhecimento, mindfulness e sustentabilidade. Estas foram, durante três dias, as ‘palavras de ordem’ na Lagoa de Pataias, em Alcobaça, que acolheu a primeira edição do Festival da Terra, onde passaram cerca de duas mil pessoas, oriundas não só de concelhos da região Centro, mas também de cidades como Lisboa e Porto.
Na manhã do último sábado, dia em que o JORNAL DE LEIRIA acompanhou o festival, apesar do céu encoberto e do sol tímido, foram dezenas as pessoas e famílias que não faltaram às actividades do evento, preparadas especialmente para os graúdos e miúdos.
Aulas de yoga e de meditação, caminhadas, palestras sobre vida saudável e sustentabilidade, exposições e instalações artísticas, ateliês para crianças, concertos, um mercado de artigos em segunda mão e expositores com artesanato local e produtos naturais, foram as actividades em destaque no Festival da Terra, entre os dias 16 e 18 de Junho.
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Recém-mamã, a leiriense Elodie dos Santos foi até ao festival na manhã de sábado para participar numa aula de yoga. O objectivo, segundo nos contou, foi “reservar algum tempo” para si e “redescobrir-se”.
“Aproveitei para fazer actividades que já não faço há muito tempo, mas também para me redescobrir. Porque o corpo de uma mulher modifica completamente após ser mãe, pelo que é também uma forma de me redescobrir e passar um tempo num local mais mágico”, refere a leiriense de 33 anos.
A aula de yoga foi assegurada por Marina Santos, para quem a escolha do local “não podia ter sido melhor”. “Praticar yoga no meio da natureza é completamente diferente. A energia flui. Até porque a natureza, por si só, é um veículo condutor de energia. Ouvir os pássaros e conectar com todos os elementos da natureza, é extraordinário”, referiu a instrutora.
Quem não quis também perder a oportunidade de participar no festival foi o marinhense Cláudio Fonseca, de 48 anos. “Identifico-me bastante com esta temática e quis muito vir. É uma boa iniciativa para a nossa região”, afirmou, reconhecendo que “são cada vez mais as pessoas a aderir a este estilo de vida”.
“Há alguns anos que acompanho este estilo de vida, embora ultimamente com menor assiduidade, mas penso que é importante que as pessoas percam o medo de se conhecer”, defendeu.
E porque o Festival da Terra convidava igualmente à visita dos mais pequenos, durante os três dias não faltaram também as actividades para as crianças. ‘Quem mexeu na minha lagoa?’ foi o mote de um dos ateliês infantis, promovido pela Tlim Tlim, uma equipa pediátrica de intervenção terapêutica, cujas especialidades passam pela terapia da fala, terapia ocupacional, osteopatia, fisioterapia, psicologia e nutrição.
Na actividade, que contou com o entusiasmo de todos os participantes, os mais pequenos tiveram a oportunidade de apanhar o comboio tlim tlim e, através de vários desafios, descobrirem quem estava a ‘poluir’ a Lagoa de Pataias.
“Este tipo de festivais e eventos são muito importantes, sobretudo por envolver as próprias famílias. É necessário as crianças começarem a passar mais tempo junto dos familiares, e não tanto com os tablets”, defenderam Patrícia Marcelino e Marlisa Ferreira, coordenadoras do projecto.
Festival estará de regresso em 2024
Nasceu do sonho de quatro amigos, entre os 35 e os 42 anos, em “criar um espaço de partilha para a comunidade”, para proporcionar “ferramentas e vivências que permitam o auto-conhecimento e a conexão com a natureza”, e o balanço “não podia ser mais positivo”.
“A nossa região nunca tinha recebido um evento desta natureza e considerámos que estava na altura de o fazer, até para desmistificarmos muitas destas actividades”, explica Joana Pinto, uma das promotoras do festival.
“Vivemos num mundo cada vez mais agitado, e existe essa necessidade de desligarmos da rotina e nos focarmos em descobrirmos quem somos. Começámos a perceber isso também à nossa volta, o que nos motivou a organizar o festival.”
O evento envolveu um grupo de 25 voluntários, e 50 facilitadores, que dinamizaram as actividades e expuseram os seus produtos e trabalhos. “Quisemos também dar voz e palco aos facilitadores, e proporcionar-lhes a oportunidade de divulgarem os seus trabalhos.”
Segundo Joana Pinto, o objectivo da organização passa por afirmar o festival como “um ponto de referência no Centro/Oeste”. “Poderá ser um gatilho para a promoção de mais acções por parte de outras pessoas. O importante é unir esforços, mais do que dividir”, defende a responsável, revelando que, ainda antes do arranque da primeira edição, estava já a receber sugestões para a próxima edição.
“Decidimos abrir já um formulário para registo de interesse para a edição de 2024. Face ao sucesso desta primeira edição e ao interesse de tantas pessoas, o festival irá com certeza voltar no próximo ano”, assegura Joana Pinto, agradecendo o apoio da União das Freguesias de Pataias e Martingança.