A concentração dos vendedores num único espaço – piso térreo do bloco poente –, a passagem dos produtores locais que estão na cave para o exterior do edifício, debaixo de uma pala a criar junto ao alçado Sul (virado para a rotunda de acesso ao estádio) e a instalação de startup no piso superior são algumas das propostas do projecto de requalificação do mercado municipal de Leiria, aprovado na terça- feira, com a abstenção dos vereadores do PSD.
As obras avançarão no próximo ano e custarão cerca quatro milhões de euros, verba que não contempla a requalificação interior do edifício nascente, onde funciona o centro associativo e os talhos, que terá apenas intervenções ao nível das fachadas e cobertura e pequenas obras para acolher o mercado provisório.
De acordo com os autores do projecto, elaborado pela MKC Market Consulting, um gabinete “especializado” em mercados, a proposta de intervenção pretende, além da modernização das instalações, introduzir actividades complementares ao mercado, que “chamem público e gerem novas dinâmicas, e promover a sua integração com a envolvente.
Segundo o projecto aprovado, a cave do edifício poente, onde actualmente estão instalados os produtores locais de fruta e hortícolas em condições “insalubres”, servirá, depois de totalmente remodelada, para zonas de carga e descarga, aprovisionamento e áreas técnicas e de apoio aos produtores. Haverá ainda área para estacionamento público.
O piso térreo desse bloco será o “coração” do mercado, onde ficarão concentrados todos os operadores. “A dispersão por vários espaços, como acontece actualmente, provoca a dispersão de clientes”, defende a equipa projectista, frisando que a proposta de intervenção assegura a autonomização do mercado em relação às actividades a decorrer no restante edifício.
O projecto prevê ainda que todas as lojas tenham montra para o exterior e para dentro do mercado e que a distribuição dos operadores no interior seja feita por 'ilhas' – peixe, hortofruticultura e floricultura –, sendo que na zona do pescado haverá um sistema de ventilação e extracção, para “minimizar os cheiros”.
3,9 milhões de euros
é a estimativa de custo da requalificação do mercado municipal de Leiria, verba que não inclui a intervenção no interior (à excepção dos balneários) do bloco nascente, onde está o centro associativo6.800 metros quadrados de área a intervencionar no interior do edifício poente, enquanto no exterior será abrangida uma área de 2500 metros quadrados, estando prevista a reabilitação integrar das fachadas dos dois blocos e a substituição cobertura existente, ainda em amianto
No piso térreo está também prevista uma zona de esplanada, para cafetaria e restauração, a [LER_MAIS] criar na fachada Sul, virada para o castelo, no âmbito da estratégia de introduzir novas actividade no edifício.
É nessa linha que se insere também instalação de umespaço para startups no piso superior, “totalmente” autónomo do mercado, que terá capacidade para acolher cerca de 100 postos de trabalho e áreas para formação.
“Será um espaço com juventude, talento e criatividade”, antevê Gonçalo Lopes, vereador do Desenvolvimento Económico.
Produtores no exterior
Uma das componentes do projecto que levantou dúvidas, não só à oposição mas também ao presidente da Câmara, é a solução proposta para a instalação dos produtores locais, prevista para uma zona no exterior, coberta com várias palas sobrepostas que fazem “o efeito de escama”, e que terá um sistema de estores a Norte.
“No Inverno vai ser um local agressivo, para quem vende e para quem compra”, advertiu Fernando Costa, vereador do PSD, secundado neste receio por Raul Castro. O presidente da Câmara pediu, por isso, à equipa projectista para arranjar uma solução que “proteja” os produtores sazonais.
Além deste ponto, os eleitos do PSD criticaram a instalação de startup no edifício, valência que, no seu entender, faria mais sentido no topo Norte do estádio. Os sociais-democratas contestaram ainda o facto de o projecto “não requalificar a zona envolvente” ao mercado e prever apenas a intervenção na fachada no edifício nascente, obras que consideram “paliativas” e que “irão fazer com que a médio prazo se tenham de realizar novas obras de manutenção e conservação, o que é de todo inaceitável”.
Os vereadores do PSD defendem ainda que o projecto apresentado em 2014 aos vereadores, que acabou por ser posto de lado, tinha uma visão “estratégica” mais “adequada às necessidades da cidade e dos munícipes”.
Esse projecto previa um edifício totalmente novo com três pisos, no qual os produtores ficavam todos em espaço coberto, estacionamento em toda a cave e a requalificação do eixo entre o rio, o mercado, o Maringá e a Nova Leiria. “
A solução podia ser um Ferrari, um Fiat 600 ou um Peugeot de gama alta. Esse projecto implicava a construção de uma rua nova junto ao actual estacionamento [do Maringá] e a indemnização do concessionário, o que não estava contemplado nas estimativas de investimento [preço base de 5,1milhões de euros]”, alega Raul Castro.