Um hipermercado Continente; uma loja Meu Super; quatro lojas Pingo Doce; duas Aldi; três Lidl; duas Minipreço; dois Intermarché e quatro Ulmar…
A oferta existente na área da distribuição alimentar na zona urbana de Leiria é diversificada. Pode mesmo pensar-se que o mercado está saturado e não há espaço para mais lojas, mas algumas destas marcas vão reforçar a sua presença na cidade.
É o caso da Sonae, que tenciona abrir uma loja Continente Bom Dia no novo espaço comercial que vai nascer no local da antiga Proalimentar. O objectivo é “reforçar a sua presença na cidade de Leiria”, confirma fonte da empresa.
Este é um conceito de “conveniência e de proximidade, especialmente vocacionado para as compras mais frequentes do dia-a-dia”. A nova loja deverá acolher duas outras marcas da Sonae: Note (artigos de papelaria) e Well's (saúde).
No empreendimento que vai nascer na Quinta de Santo António vai instalar-se também uma loja Leroy Merlin com modelo drive in. É a primeira da marca francesa de artigos de materiais de construção, acabamentos, decoração e bricolage no distrito de Leiria e deverá abrir no primeiro semestre do ano que vem. Terá mais de nove mil metros quadrados de área de venda e vai empregar 150 pessoas.
De acordo com informação disponível no site da Telhabel, empresa do norte do País que apresentou na Câmara de Leiria pedido de viabilidade para a implementação de um edifício destinado a comércio nas instalações da antiga Proalimentar, o terreno, com mais de 53 mil metros quadrados, vai acolher um edifício com uma área de implementação superior a 12 mil metros quadrados, “grande parte” dos quais a ocupar pela Leroy Merlin.
Está ainda “prevista a construção de infra-estruturas viárias de acesso à nova unidade comercial e a criação de 549 lugares de estacionamento, bem como todas as infra-estruturas necessárias ao seu funcionamento”.
Noutra zona da cidade (Porto Moniz) está já em construção, depois de mais de um ano parado, aquele que será o futuro Lis Shopping. O empreendimento ocupará as antigas instalações da Auto Leiria e deverá abrir no primeiro trimestre do ano que vem. A área de implementação rondará os 7100 metros quadrados, divididos por dois pisos.
A loja âncora será a do Pingo Doce. Haverá ainda um espaço Norauto (assistência automóvel e loja), uma estação de serviço Prio, uma lavandaria 5 à Sec, um ginásio, um espaço Americana e um restaurante McDonald's.
“Vamos abrir uma tabacaria”, explica Paulo Sousa, administrador da Americana, adiantando que o objectivo da marca é continuar a crescer, ao mesmo tempo que acompanha o crescimento da cidade.
Quanto ao McDonald's, o que está previsto é que seja instalado num edifício próprio a construir, revela Eduardo Leal, que deverá ficar responsável pelo franchising. “Será muito semelhante ao restaurante de Fátima, que introduziu uma série de inovações tecnológicas”, explica. Ou seja, vai ter quiosques multimédia que permitem ao consumidor fazer o pedido, pagar e levantá-lo numa área específica, vai ter esplanada, café e drive-in.
[LER_MAIS] Porquê mais um McDonald's (o terceiro) em Leiria? “Há mercado para crescer. O restaurante da Guimarota, o primeiro que abriu, regista já um movimento muito significativo nas duas pistas de drive-in. Acreditamos que uma nova unidade nos ajudará a continuar a crescer de forma consistente e consolidada e a melhorar as condições de atendimento”, diz o empresário.
O facto de o futuro Lis Shopping se situar numa “localização muito boa” também contribuiu para o investimento (que pode atingir um milhão de euros) da marca de fast-food. “Pode captar clientes que circulam na A19, dada a sua proximidade e os bons acessos, além de todo o movimento da cidade”, considera Eduardo Leal.
O novo empreendimento comercial, que representará um investimento de seis milhões de euros, será servido por dois acessos: um pela rua Dr. João Soares (para quem desce esta via) e outro por uma nova estrada paralela à A19, a construir entre a rotunda D. Dinis e a lateral do edifício.
Ao lado do Lis Shopping está em construção um outro edifício de dois pisos, com um total de 2400 metros quadrados de área, que também vai ser um espaço comercial. Alfredo Monteiro de Matos, promotor do investimento, na ordem dos 900 mil euros, confirma a utilização, mas diz que ainda não está definido que tipo de negócio ali abrirá. A obra deverá estar concluída em Outubro e o espaço comercial abrirá “antes do Natal”.
“Canibalização”
O mesmo mercado para mais lojas
Num mercado que “não estica”, e onde já estão presentes as principais marcas da distribuição, alimentar e não só, às vezes com várias lojas, estas continuam a apostar na abertura de novos espaços. Porquê? Para reforçar a sua presença, explicam os profissionais ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA.
“As marcas disputam o mesmo mercado, porque o poder de compra não cresceu, nem se prevê que haja propensão a consumir mais, nomeadamente na área alimentar”, explica Silva Pereira, ex-empresário da distribuição. Lembra a “guerra” entre Continente e Pingo Doce e fala mesmo em “canibalização”. As insígnias menos activas em termos promocionais são as que mais sofrem.
“O mercado não estica, alguém terá de perder vendas”, considera. A nova oferta que vai aparecer em Leiria “é praticamente igual” à existente, só que reforça a proximidade ao cliente. “Para o consumidor é óptimo, passa a ter lojas mais perto. Mas não são de esperar quedas nos preços, porque são as marcas que já operam no mercado a abrir os novos espaços”, alerta. Em Leiria, o rácio metro quadrado de venda por habitante, sobretudo na área da distribuição alimentar, “é uma tonteria, um exagero”, entende Silva Pereira.
Para o geógrafo Herculano Cachinho, “as marcas têm necessidade de continuar a crescer, por isso desenvolvem novos conceitos que complementam os que já têm”. Isto porque a tendência é que as pessoas queiram “ir aos lugares onde a oferta é maior”. O também professor no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa entende que “o mesmo mercado vai distribuir-se pelos antigos e pelos novos espaços” e frisa que estes, quando se instalam longe do centro das cidades, acabam por lhe ser prejudiciais.
Carlos Mendes, administrador da Parsuper, empresa detentora dos supermercados Ulmar, lembra que os hipermercados estão a perder mercado e que a tendência agora são as lojas mais pequenas, de maior proximidade. “É nestas que estão a apostar as cadeias”, diz, considerando que Pingo Doce e Continente “lutam pela hegemonia do mercado”.