Que impacto tem o festival Novos Ventos? Um estudo do Politécnico de Leiria vai responder à pergunta, mas, entretanto, o Leirena partilha os números do projecto, que acontece fora de portas, em formato itinerante.
“Pelo menos duas mil pessoas já fizeram teatro connosco”, diz o director artístico da companhia, Frédéric da Cruz Pires, que aponta para aproximadamente “cem espectáculos” criados ao longo dos anos com a comunidade, em diferentes zonas do concelho.
A décima edição, que se estende até 13 de Julho, contempla Arrabal, Monte Redondo, Marrazes e (pela primeira vez) Amor. Em cada semana, uma nova freguesia, durante praticamente um mês.
Elementos da Filarmónica do Arrabal, da Filarmónica do Soutocico, do ATL da Fundação de Santa Margarida, do programa Freguesia Activa, do Rancho Folclórico do Freixial e do Teatro À Vista participam nos dois espectáculos de teatro comunitário que são mostrados este domingo, 22 de Junho, com início às 18:30 horas. Os ensaios já decorrem e a estreia das novas criações perante público vai acontecer no Centro de Artes do Arrabal, para onde também está marcado, no mesmo dia, mas durante a manhã, um workshop de introdução à encadernação.
Montra para o novo circo
A primeira apresentação do Novos Ventos em 2025, no entanto, acontece no sábado, 21 de Junho, pelas 10:30 horas: Ouvir a Ver, por Jana Moller, no contexto da residência artística com bolsa de criação atribuída em parceria com o INAC – Instituto Nacional de Artes do Circo, de Famalicão.
Ainda neste fim-de-semana, vão a palco três espectáculos por companhias profissionais: Paradjanov, pelo Asta Teatro; Os Barrigas e os Magriços, pelo Teatro Estúdio Fonte Nova, no auditório do Rancho do Freixial; e O Tamanho das Coisas, pela companhia Terra Amarela, que encerra a programação, no domingo à noite, depois das 21:30 horas.
Frédéric da Cruz Pires considera “fundamental” o envolvimento do Politécnico. “Para nós é importante que o festival tenha a sua avaliação por um grupo de profissionais externos”, salienta. “Vamos continuando sempre a actualizar os nossos processos”.
O Novos Ventos, segundo o fundador, “nasceu de uma necessidade de criação de públicos”. E, pelo meio, ajudou o Leirena a “crescer e desenvolver-se” como estrutura profissional. “É o que traça o nosso percurso”, resume, acerca das actividades de mediação e teatro comunitário, que não esgotam, contudo, a produção da companhia, actualmente com diversas criações em cena e em digressão.
Laço com a Palestina
O décimo Novos Ventos inclui quatro residências artísticas com bolsa de criação (em articulação com o INAC e a ESAD de Caldas da Rainha) para teatro e circo contemporâneo, 11 residências artísticas comunitárias e apresentações, 13 espectáculos profissionais de teatro e circo contemporâneo nacionais e internacionais, oficinas para famílias (uma novidade) e audiodescrição, língua gestual portuguesa e folhas de sala inclusivas em todos os fins-de-semana.
A programação, para todas as faixas etárias, volta a convocar grupos “desde o Algarve até Esmoriz”. E, ainda, do estrangeiro. Um dos destaques é o espectáculo Oranges and Stones, pelo Ashtar Theatre, com origem na Palestina, agendado para 13 de Julho.
“Estamos no bom caminho”, conclui Frédéric da Cruz Pires. “Se correr bem, vamos chegar às 20 edições”.