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O amor surge, o coração manda e estes idosos souberam ouvi-lo

Inês Gonçalves Mendes por Inês Gonçalves Mendes
Fevereiro 13, 2025
em Abertura
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Costuma dizer-se que o amor é a cura para quase todos os males e, no caso de relações amorosas na terceira idade, equivale a um medicamento contra a solidão, que tem inúmeros benefícios para a saúde.

Ainda é um tabu, mas conhecem-se cada vez mais casos de pessoas que, depois de enviuvarem ou de se divorciarem, acabam por encontrar um novo amor, que ajuda a passar os dias e traz outra alegria à vida.

Quando entrou no Lar Emanuel, Joaquim Martins reconheceu uma das caras que ali estava, mas à primeira não conseguiu identificar quem era. Ficou com ‘a pulga atrás da orelha’ e a tentar descobrir quem era aquela senhora, que gostava de passar os seus dias sossegada, a ver filmes e programas de televisão. Até que, um dia, pediram a Celeste Carvalho que fosse chamar à sala o senhor Joaquim. “Quem é o Joaquim?”, perguntou. Encostado à parede de uma janela, respondeu: “Sou eu”. Logo quando o viu, achou-o “um borracho”.

Esta foi a primeira interacção dos dois dentro do lar e, entretanto, perceberam que já se tinham conhecido antes, noutra vida.

“Foi uma coincidência. Fui à associação dos Marrazes com dois colegas, fomos lá beber um copo, e estava lá a senhora Celeste, com o marido dela. Metemos conversa com eles, estivemos lá um bocado, mas depois nunca mais nos encontrámos”, recorda Joaquim, que enviuvou duas vezes antes de dar entrada na casa de repouso.

Ao cantinho onde gostava de estar sozinha, acompanhada pelas suas séries e filmes, juntou-se então o senhor Joaquim, mais extrovertido e falador. Depressa começaram a estar muito tempo juntos no lar e a amizade deu lugar a uma relação amorosa.

“Não fazia a mínima ideia que ia ter esta relação, mas o coração é que pediu”, afirma Joaquim Martins. Ambas as famílias reagiram bem a esta relação, que dura há três anos, já que esta é uma forma de se manterem sãos e de combaterem a solidão.

No Lar Emanuel, nos Marrazes, Joaquim Martins, com 65 anos, divide o seu tempo com a hidroginástica, enquanto Celeste Carvalho, da mesma idade, se dedica à ginástica e ao zumba.

Todos os dias, fazem questão de demonstrar o carinho que sentem um pelo outro e sentem-se felizes com a relação que construíram. “A sopa de letras é a minha segunda companhia, a primeira é ela”, diz, entre risos.

Também no mesmo lar, mas noutro edifício, estão Artur Pedro e Ana Maria, um casal ‘arranjado’ pela antiga esposa deste senhor, que faleceu já depois de integrar a residência sénior.

Ana Maria foi colega de quarto da antiga esposa do seu actual companheiro que, antes de morrer, pediu que ambos se juntassem.

No início, Ana Maria desconfiou e dizia: “Casar com homens, nem novos, nem velhos”. E foi essa resposta que deu a Artur Pedro, de 91 anos, quando, dentro do elevador, lhe pediu a mão.

“Não queria ninguém na minha vida, mas depois pensei melhor e reconsiderei”, conta. De amigos, passaram a namorados e celebraram o amor que os une numa cerimónia dentro do lar, a 19 de Junho de 2023, com a presença dos familiares.

“Respeitamo-nos, amamo-nos muito um ao outro e isso é muito bonito”, relata Ana Maria, com 65 anos, que passa os seus dias a pintar. Cada um tem as suas actividades diárias e apoiam-se um ao outro. Há dias que, devido à pouca mobilidade, Ana Maria tem de utilizar uma cadeira de rodas e é o companheiro que a ajuda das deslocações.

Juntos pelo amor e pela União de Leiria

Isidro Abrantes e Francelina Joaquim viveram vidas diferentes e nunca se encontraram antes de começarem a residir na mesma rua, no Bairro dos Anjos, em Leiria. Mesmo assim, não privavam um com o outro. Francelina Joaquim, com 81 anos, era solteira, mas esteve 33 anos com o seu companheiro, sem nunca casar, e Isidro Abrantes, de 93, ficou viúvo do primeiro casamento e divorciou-se no segundo.

A residir num local destinado a comércio, mas que tinha sido convertido para habitação, Isidro Abrantes foi obrigado a sair, de um dia para o outro, sem tempo para encontrar outro lugar onde ficar. Foi aí que, perante esta situação, Francelina garantiu: “Ele na rua não fica”. Mal sabia ela que esta decisão altruísta iria trazer-lhe uma nova alegria à vida.

“Como tinha a sua casinha, com dois quartos, levei para lá as minhas coisinhas e estivemos assim não sei quantos meses. Ela ficava na sua caminha e eu na minha. Ela fazia o almoço e eu fazia compras”, recorda o idoso, ao mencionar que a amizade acabou por evoluir para amor.

A ligação de Isidro com a família da companheira também ajudou e, agora, os dias são dedicados ao passeio. Fátima, Ourém ou Peniche – “para comer uma boa caldeirada” – são algumas das paragens deste casal, que aos fins-de-semana assiste religiosamente aos jogos da União de Leiria, o clube que também ocupa uma parte do coração de cada um.

Juntos há cinco anos, gostavam de casar, contudo, Isidro Abrantes diz que, devido à idade, os registos não permitiram.

Mesmo sem o amor oficializado perante a lei, os idosos vivem a vida de casados e, com a companhia de três canários, provam que o aparecimento de um novo amor não é só para os novos.

Mudar a vida por amor

Mesmo na reforma, Fernando Queiroz e Maria de Lurdes Mendes mantiveram uma vida activa, ela em Leiria e ele em Óbidos. A distância não impediu que se conhecessem durante uma uma saída com amigos. Maria de Lurdes conta que foi abordada directamente por um senhor, com o intuito de conversar e ter uma nova amizade. “Fiz-me ao cais e atraquei”, brinca Fernando Queiroz, que foi militar durante 36 anos na Marinha Portuguesa.

Entre conversas e encontros, perceberam que se amavam e os fins-de-semana eram passados ora em casa de um, ora em casa do outro. Rapidamente esta rotina começou a desgastar o casal e Fernando Queiroz decidiu vender a casa em Óbidos e mudar-se, de malas e bagagens, para Leiria. Um acto de coragem, justificado pelo amor que nutre pela companheira. “Gosto de tudo nela. É muito meiga, carinhosa e boa cozinheira”, detalha, ao referir, entre risos, que “também é pela boca que se conquista um homem”.

Já Maria de Lurdes valoriza a capacidade de “saber ouvir e conversar”, além do companheirismo que caracteriza esta relação.

Juntos há dois anos, o casal aproveita os dias para passear e estar com amigos. Foi com Maria de Lurdes que Fernando passou férias pela primeira vez. “Tinha férias do serviço, mas tinha sempre algo que fazer em casa.” “Agora ele tem de ter férias”, graceja a companheira, de 73 anos, que já ficou viúva por duas vezes, com relações onde “correu tudo bem”. “Talvez por isso não tenha medo de me apaixonar”, confessa.

Com uma vida calma, Fernando Queiroz revela o ‘segredo’ para manter um relacionamento saudável e sem conflitos, adaptável para qualquer casal, independentemente da idade: “Quando queremos e quando sabemos dialogar com a outra parte, quebra-se um bocadinho de cada lado e as coisas resolvem-se.”

 

Amor na terceira idade é “mais genuíno”
Redução de stress e ansiedade, estimulação das hormonas do prazer e da felicidade, e até a diminuição de riscos associados a diversas doenças são alguns dos benefícios apontados às relações formadas na terceira idade, que ajudam a afastar também o sentimento de solidão. “Temos hoje por certeza absoluta que o relacionamento entre pessoas, refeito depois da perda do cônjuge, tem benefícios aumentados”, afirma o gerontólogo Ricardo Pocinho, ao acrescentar que estas uniões são “mais genuínas e menos interesseiras”, focadas “na satisfação do outro”. “O amor faz bem a toda a gente. Médicos e psiquiatras abonam que as relações amorosas, de amor puro, são libertadoras de um conjunto de substâncias no nosso corpo que fazem bem. O amor continua a ser a solução para quase tudo”, refere ainda o presidente da ANGES – Associação Nacional de Gerontologia Social. Contudo, falta “privacidade” para estes casais, nomeadamente dentro das residenciais seniores. “É um erro imaginar que as pessoas, dependendo da idade, são menos apaixonadas, não têm vontades no relacionamento ou que deixam de ter desejos sexuais”, aponta o especialista, referindo, no entanto, que já surgem situações onde estas instituições solicitam “formações para os funcionários poderem saber lidar melhor com a sexualidade” dos utentes. A sexóloga Vânia Beliz sublinha que “a maior parte das instituições não está preparada para esta vivência normal da sexualidade”, o que “acaba por ser uma violência contra as pessoas idosas”. Mesmo fora dos lares, a sexualidade entre pessoas mais velhas, que ainda têm a sua independência, não é considerada, fruto “de uma sociedade que discrimina” os idosos. “Não perdemos o desejo simplesmente porque envelhecemos”, assegura a especialista, que defende uma maior inclusão em campanhas publicitárias e mudança de mentalidades. A sexóloga, que se debruça sobre este tema, reivindica também a implementação de medidas que garantam o direito à privacidade dentro das residências seniores e o incremento de campanhas de sensibilização, capazes de mostrar que os idosos “têm direito aos afectos e ao desejo”.
Etiquetas: Amoramor na terceira idadecasaldia dos namoradosidososLeiriarelações amorosas
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