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Home Opinião

O bem dos outros

Paulo Kellerman, escritor por Paulo Kellerman, escritor
Março 26, 2020
em Opinião
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Disseram-lhe que não podia sair de casa. A mãe explicou: “É para o teu bem.” O pai disse: “E para o bem dos outros.” Deram-lhe abraços e sorriram; depois, agarraram-se aos seus computadores; disseram em coro: “Estamos a trabalhar.”

Ficou a pensar no que seria o bem dos outros. Apeteceu-lhe desenhar e foi o que fez.

Desenhou-se a si próprio a andar de bicicleta com os amigos.

Depois, teve saudades desses amigos e decidiu fazer um desenho para cada um deles.

Quando acabou, quis mostrar-lhes os desenhos; mas não podia sair de casa.

Ficou aborrecido e foi até à varanda para se distrair. Gostava de olhar para as nuvens e imaginar que elas passavam ali para o visitar; mas isto era um segredo, nem os seus amigos sabiam.

Percebera que algumas coisas apenas faziam sentido dentro da sua cabeça; se as transformasse em palavras, estragava-as. O céu estava azul, nem uma nuvem à vista. Mais um aborrecimento.

Por isso, olhou lá para baixo, espreitou as árvores. Pensava: como é possível que não se sintam tristes por estarem sempre no mesmo lugar?

Mas quanto mais as olhava, maior era a certeza: pareciam felizes. E este mistério fascinava-o; não se cansava de as olhar, na esperança de perceber o seu segredo: porque eram felizes?

Às vezes pensava que se podia ficar feliz apenas por sentir a felicidade de alguém. Seria isso o bem dos outros?

Distraiu-se com um pássaro que andava por ali a voar de árvore em árvore, como se procurasse algo.

Porque voam os pássaros? Ficou a imaginar até onde voaria naquele momento, se fosse pássaro. E de repente, enquanto via os ziguezagues do pássaro, teve uma ideia. Correu para o seu quarto, pegou nos desenhos dos amigos e transformou-os em aviões de papel.

Depois, com a sua letra de menino da primeira classe, escreveu o nome e a morada de cada amigo na asa do respectivo avião.

João, terceiro prédio a seguir aos correios.

Rita, a casa verde na rua do campo de futebol. Dez amigos, dez aviões. Quando terminou, regressou à varanda e atirou-os um a um. E ficou a vê-los voar. Esperava que chegassem ao destino, que o vento os levasse ao sítio certo.

Será que os aviões de papel precisam de selo? Estava a pensar nisto quando reparou que alguém o olhava.

Do outro lado da rua, numa varanda igual à sua, um menino que não conhecia observava-o.

Quem seria? Acenou-lhe e o menino respondeu ao aceno. Sorriu e o menino também sorriu.

Pensou: pronto, já somos amigos. Correu até ao quarto e fez um novo avião de papel.

Morada do destinatário: menino que vive na varanda igual à minha.

Na outra asa, escreveu: como te chamas? E na parte de baixo, desenhou um selo. Ao quinto avião conseguiu acertar na varanda do amigo.

Passaram o resto do dia a atirar aviões de papel com mensagens de uma varanda para a outra. Riram muito.

À noite, a mãe disse ao pai: “Talvez a vida seja assim, lançamos ideias e sentimentos e palavras e gestos como se fossem frágeis aviões de papel; na esperança que alguém os receba e dê continuidade ao voo. Não achas?”

Etiquetas: opiniãoPaulo Kellerman
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