Com metade da época jogada, Vasco Gonçalves segue na frente na lista dos melhores marcadores na divisão de honra do distrito. No domingo, em jogo da 17.ª jornada marcou por três vezes, na vitória do Guiense por 6-1 frente ao Caldas, reforçando o objectivo de superar a marca do ano passado, quando atingiu os 30 golos, e de voltar a liderar a lista de melhores marcadores da competição, feito que já alcançou por três vezes.
O atleta, que começou a jogar no Sport Clube Leiria e Marrazes, é também um dos nomes em destaque na equipa de futebol de praia do GRAP. O seu génio na areia valeu-lhe já uma chamada a um estágio da selecção nacional, uma experiência “incrível”, que sonha repetir. Pelo meio, foi campeão nacional, na categoria M5, em padel.
Vasco Gonçalves tinha apenas seis anos, quando os pais o inscreveram no Marrazes. “Queriam que eu praticasse um desporto”, recorda. Começou por jogar como guarda-redes, mas a equipa “era tão boa”, que raramente a bola lhe chegava. Cansado de “nunca ter trabalho nos jogos”, no ano seguinte pediu para sair da baliza e acabou por dar nas vistas como avançado.
De tal forma que, aos nove anos, foi chamado para integrar as escolas do Benfica, onde ficou quatro anos. Voltou depois a Leiria, para jogar na UDL e, mais tarde, no GRAP. Como sénior, representou o Fátima, o Ginásio de Alcobaça, o CCR de Alqueidão da Serra e, agora, o Guiense.
“Fui três vezes o melhor marcador da divisão de honra no Alqueidão”, diz, com orgulho. Na presente temporada, vestindo as cores do Guiense, clube de Pombal, Vasco Gonçalves soma 22 golos em 17 jogos, sendo responsável por mais de metade dos golos da equipa.
“Tem sido a melhor época, aproveitando o bom rendimento do plantel. Mas ainda há muito para jogar e estamos agora numa fase complicada. O objectivo é o de sempre: fazer melhor do que na época anterior”, assume o jogador, que, no próximo mês, vai retomar os treinos de futebol de praia, cujo campeonato nacional começa em Maio.
Durante várias semanas, acumulará as duas modalidades, a somar à sua actividade profissional como comercial. Entre o futebol de 11 e de praia, são cinco treinos por semana, mais um jogo ao fim-de-semana. Pelo meio, ainda arranja tempo para treinar a equipa de sub-10 do Marrazes.
O atleta reconhece que “é cansativo e desgastante”, ainda para mais, “não sendo profissional do desporto”, mas são “apenas dois meses” e está a fazer o que mais gosta. No caso do futebol de praia, nem sempre foi assim, com Vasco Gonçalves a confidenciar que, no início, “não gostava nada daquilo”.
“Não foi, de todo, um amor à primeira vista. A areia e a bola, que é mais leve, faziam-me imensa confusão”, reconhece o atleta. Os bons resultados – na primeira época a equipa ficou em terceiro lugar, apenas atrás do Braga e do Sporting – e o facto de estar a jogar entre a elite nacional do futebol de praia, onde figuram alguns dos melhores jogadores do mundo, fizeram com que fosse ficando, ganhando experiência e gosto. Acabou contagiado.
“Neste momento, é um bichinho gigante”, confessa o atleta, que, em Outubro último, foi chamado a um estágio da selecção nacional. “Vivi aqueles três dias como se fosse um profissional do desporto. Saí muito mais jogador”, diz, realçando ainda a oportunidade de privar com muitos dos atletas que vão agora disputar o campeonato do mundo da modalidade.
Questionado sobre até onde pode chegar Portugal, o atleta do GRAP diz acreditar que a selecção tem hipóteses de voltar a ser campeã do mundo, repetindo o feito alcançado em 2015. Mas, frisa, hoje a modalidade está “muito mais desenvolvida” e a competitividade é maior. Apesar disso, mantém os níveis de confiança na equipa no máximo. “Temos uma selecção super-poderosa. Das três melhores do mundo. Pelo que, somos sempre candidatos à vitória.”
Mas, no que ao desporto diz respeito, Vasco Gonçalves tem um terceiro amor: o padel. A ligação à modalidade começou durante a pandemia, num momento em que os campeonatos de futebol estavam parados.
“O papel foi das primeiras modalidades a retomar. Surgiu como brincadeira entre colegas de trabalho. Experimentei e gostei. Depois, foi uma bola de neve. O padel é bicho. Quem experimenta, fica viciado”, afiança o atleta, que, em 2022, se sagrou campeão nacional na categoria M5, fazendo dupla com Manuel Rito, da Batalha. Nesta fase, Vasco Gonçalves encara o papel “apenas como uma brincadeira”, jogando pontualmente.