Há 37 anos, precisamente uma década depois do 25 de Abril, o JORNAL DE LEIRIA revelava o relatório de Salgueiro Maia sobre a acção militar que pôs fim ao regime, escrito quatro dias depois dos acontecimentos.
Por ocasião do 47.º aniversário da Revolução dos Cravos, que se assinala no domingo, recordamos esse exclusivo, conseguido por este semanário que tinha acabado de nascer, pela iniciativa de um grupo de jovens da cidade.
O documento chegou à redacção já com a edição – a número três -, que saiu para as bancas no dia 19 de Abril de 1984, “praticamente fechada”, recorda Fernando Mendes, o director de então.
Sem condições para o tratar “jornalisticamente” naquela edição, foi feita apenas uma pequena contextualização e publicados alguns excertos do documento, a que Salgueiro Maio, o comandante da operação, deu o nome de “Fimregime”, remetendo para o número seguinte, publicado no dia 26 de Abril, a divulgação, na íntegra, do relatório.
Nesse documento, classificado como “confidencial”, é feita uma súmula dos acontecimentos, [LER_MAIS]desde a preparação da saída das tropas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, passando pelo “salto” até Lisboa e pelos acontecimentos nos vários palcos que a revolução teve na capital, incluindo a rendição do presidente do Conselho, Marcelo Caetano.
Do relatório, consta ainda um mapa desenhando pelo próprio Salgueiro Maia, com a distribuição no Terreiro do Paço das tropas afectas à revolução, também publicado pelo JORNAL DE LEIRIA.
Já passaram 37 anos, mas Fernando Mendes tem bem presente a emoção e a “excitação” que se viveu na redacção pelo acesso ao documento que chegou através de “uma pessoa próxima de Salgueiro Maia”.
“Percebemos, de imediato a importância do documento. E, claro, isso deixou-nos verdadeiramente orgulhosos. Era a primeira vez que no País se falava daquele relatório, que, posteriormente, foi reproduzido em filmes, reportagens e documentários”, conta o antigo jornalista.
Mas não foi só a satisfação pelo exclusivo que marcou Fernando Mendes. Também o surpreendeu o conteúdo do próprio documento, nomeadamente “a elegância no trato de Salgueiro Maia com Marcelo Caetano”.