Os 71 anos do nascimento do pintor Mário Botas são assinalados no sábado, 23 de Dezembro, com romagem ao cemitério da Nazaré.
Entretanto, nos próximos dias, prosseguem as microiniciativas da Fundação Mário Botas com o objectivo de homenagear o artista. Entre outras, a projecção de fotografias no edifício sede e a execução de um mural na Rua dos Barrancos. Preparam o caminho para a abertura ao público, anunciada para 2024, do espaço que está a ser planeado como centro cultural, explicam Ruben Cabral (presidente do conselho de administração da Fundação Mário Botas), António Fialho (vogal do conselho de administração) e João Delgado (da equipa de voluntários).
A memória de Mário Botas está viva na Nazaré?
Ruben Cabral – É preciso reanimá-la, muito. É preciso dinamizar a imagem dele e o conhecimento sobre o que ele fez. Só a partir de uma fotografia geral é que as pessoas vão começar a saber aquilo que ele foi, aquilo que ele é e aquilo que ele poderá ser. A Fundação está baseada nisso: uma casa de cultura, aberta, principalmente, à arte.
Em que data prevêem que se possa considerar que o edifício sede está aberto ao público?
Ruben Cabral – Esperamos poder inaugurar o Museu por volta de Abril do próximo ano. O problema é que esta é uma terra pequena e apoios praticamente não existem.
O que falta fazer?
António Fialho – Montar a exposição, só. Neste momento, as obras estão sediadas, estão guardadas, acauteladas, na Fundação Centro Cultural de Belém. São 378 obras, que estão armazenadas, conservadas, em condições óptimas. É nossa intenção que as obras venham para a Nazaré, na totalidade.
E há condições para as receber, preservar e expor?
António Fialho – Expor, há. Para preservar, já temos condições técnicas, nomeadamente, controlo de humidade e controlo de temperatura. Mas há uma coisa que nos falta: a pessoa com conhecimentos de conservação e restauro. Só assim é que conseguimos trazer as obras para cá. Pusemos a questão à Câmara Municipal. Três anos depois, não temos resposta.
Sentem que o Município não apoia o projecto?
António Fialho – Nem o projecto nem a cultura.
Ruben Cabral – Disseram que estariam dispostos a arranjar pessoas para nos ajudar na abertura e no funcionamento da Fundação, mas nada aconteceu.
A Fundação tem capacidade para financiar a actividade?
António Fialho – Não tem. Precisa de apoio humano. Nós não queremos dinheiro.
O que esperam oferecer aos visitantes, a partir de Abril?
Ruben Cabral – O Museu vai ter aproximadamente 100 obras em exposição permanente, mas, além disso, queremos que haja uma dinamização do espaço, que pode ser para outros pintores, do país, de fora. Queremos que seja um espaço que dinamize a cultura no concelho e que as pessoas se habituem a vir aqui. A Fundação não é só pintura. Temos um auditório que pode ser usado para muitas outras coisas.
Que importância, hoje, tem o legado e o exemplo de vida de Mário Botas?
Ruben Cabral – Imensa. Escreveu bastante, pintou, tem fotografias.
António Fialho – O Mário Botas é, de facto, um expoente da cultura nazarena em vários aspectos. Era um poeta, era um escritor, foi fotógrafo e foi pintor. Na última fase da vida dele, quando se apercebeu que não havia solução para a leucemia que o acometia, talvez no último ano e meio, pintou furiosamente. Ainda temos algumas obras que precisamos de catalogar, organizar, para juntar ao espólio que está no CCB.