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Home Opinião

O meu pai manda dizer que não está

Raquel Martins, pessoa criadora de conteúdos por Raquel Martins, pessoa criadora de conteúdos
Agosto 21, 2020
em Opinião
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Havia um telefone fixo lá em casa.

Luxo doméstico e, acima de tudo, domesticado, do tempo em que as pessoas usavam o telefone e não o contrário.

Tocava em ocasiões muito tristes ou muito alegres.

Alguns assuntos necessários, também, mas nunca à hora das refeições ou depois das dez da noite.

O meu pai nunca atendia o telefone.

Pedia sempre que perguntássemos quem era e ao que vinha e depois pedia-se licença que íamos saber se estava em casa.

Afligia-se, mas depois ria-se quando eu ou os meus irmãos, por engano ou talvez não, escancarávamos verdade para o outro lado da linha:

– O meu pai manda dizer que não está. Por engano ou talvez não, vejo eu agora, que se há coisa que as crianças sabem, antes de lhes socializarem as vontades, é serem fiéis ao que tem que ser por dentro, sem que daí venha mal nenhum ao mundo.

Houve o tempo em que conseguíamos manter os chatos à distância.

Um tempo em que a inquietação espiritual alheia não entrava à bruta pela existência dos outros sem pedir licença, pelo menos.

A verdade é que houve o tempo, e houve mesmo, em que o silêncio nos pertencia por direito, sem a necessidade de o resgatarmos em histeria nos ensinamentos de um discípulo digital de Buda tão perdido quanto nós.

A verdade é que houve tempo. Há tempo. Só não tem que ser igual para todos.

Nesta humanidade online, sempre disposta e bem-posta, penso, às vezes, se não estaremos a confundir disponibilidade com competência.

Talento com prontidão. Amizade, amor, empatia com qualquer outra coisa que ficará para sempre fora de um espaço interior que não reage por notificação.

Ainda podemos impedir a globalização da personalidade? Do tempo? Da vontade? Não sei.

Sei que havia um telefone fixo lá em casa. Tocava em ocasiões muito tristes ou muito alegres.

Alguns assuntos necessários, também, mas nunca à hora em que o silêncio nos pertencia por direito.

É tão válido sermos para os outros quanto valioso sermos para nós próprios. Talvez por isso, se ele ainda pudesse pedir, eu pudesse repetir, sem que daí viesse mal algum ao mundo:

– O meu pai manda dizer que não está. 

Etiquetas: opiniãoraquel martins
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