Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, estava ainda na Alemanha quando falou com o JORNAL DE LEIRIA sobre o seu Natal com a família alargada e com a mulher, Sónia Tavares, dos The Gift, e com o filho Fausto.
Depois de mais de 50 dias em digressão pela Europa, já deve estar em Alcobaça, onde deverá passar a noite de Consoada. “Tenho uma grande família, que mora em Brandoa, na Amadora, que sempre viveu esta época com grande intensidade, mais do que eu e a Sónia, que temos um espírito um bocadinho gótico, ou seja, também conseguimos ver a tristeza que o Natal traz às pessoas que estão sozinhas”, conta o músico.
“Temos a noção que era bom que aquele espírito natalício, em que as pessoas se abrem mais à generosidade, se repetisse durante os momentos mais difíceis do ano. Infelizmente isso nem sempre acontece.”
Fernando Ribeiro admite que esta é uma época que propicia o consumismo em exagero, o que é, em si, inimigo do ambiente. “O consumismo é um vício, em que as pessoas mostram o ‘amor’ umas pelas outras pela quantidade ou pela qualidade dos presentes. Acrescenta-se o endividamento das famílias no Natal, e também um certo espírito português, em que há alguma vergonha se não derem um presente. Em vez de um sorriso, um abraço ou uma refeição, as pessoas têm de oferecer qualquer coisa de material.”
“Essa loucura do Natal é o aspecto negativo. Sobrepõe-se aos valores familiares, até aos da própria religião. A simplicidade do Natal dos livros de Miguel Torga está um bocadinho perdida. Infelizmente tem sido substituída não só pelo consumismo, como pelo lixo que se vê no dia 25, que é tramado”, confessa Fernando Ribeiro. “É muito difícil convencer as pessoas deste simbolismo, pois o Natal tornou-se numa festa completamente capitalista, sem qualquer outra espécie de visão.”
Fausto, como filho que é de duas figuras mediáticas, recebe presentes da família directa – são sempre à volta de 15 pessoas sentadas à mesa – mas também dos fãs de Fernando Ribeiro, que assim manifestam o seu carinho pela criança.
“O Fausto nasceu numa época em que é muito difícil passar-lhe os valores da simplicidade, ao contrário de nós, que nascemos numa época em que as coisas tinham se ser construídas. Se ele receber 50 prendas, fica todo contente”, explica.
“Cabe-nos fazer esse controlo e, por isso, guardamos alguns presentes para não lhe dar tudo de uma vez, como se fosse uma overdose, para não passar o tempo todo a abrir prendas, para ter tempo para ler, para brincar, e fazer alguma coisa com o que recebe.”
Fernando Ribeiro e Sónia Tavares reciclam muitos brinquedos e oferecem também muitos, como aconteceu recentemente na escola Escola João de Deus, em Alcobaça. “É importante que as crianças aprendam os valores da generosidade e, sobretudo, aprendam que não podem ter tudo o que querem, valorizando o que têm”.