No final do mês passado realizou-se o Congresso do Partido Socialista no nosso Distrito, na Batalha, onde tivemos a oportunidade de com maior proximidade assistir ao discurso de encerramento pelo reeleito secretário-geral e primeiro-ministro de Portugal, António Costa.
E, à semelhança do ambiente normal nas governações socialistas, quase temos que nos beliscar se do País que nos falam é o mesmo em que vivemos. Porque aos portugueses não interessa muito, ou mesmo nada, as preocupações de António Costa sobre o alinhamento do PS, se mais à esquerda com Pedro Nuno Santos, ou mais à direita com Fernando Medina.
Aliás, o seu puxão de orelhas, “…ainda não meti os papéis para a reforma…”, talvez um recado para os mais acelerados politicamente, que existem em todos os partidos e a todos os níveis, comprove alguma preocupação sobre o ambiente interno! Mas isso, que parece foi o tema central deste Congresso, não interessa verdadeiramente aos Portugueses!
Aos Portugueses interessa o país real e não o país das maravilhas, que António Costa e o governo nos querem fazer acreditar!
O importante é explicar porque é que os combustíveis são dos mais caros da Europa e nos últimos meses subiram continuadamente. Segundo dados da Comissão Europeia, na semana de 04 de junho, o preço do gasóleo era em média 14 cêntimos por litro mais alto em Portugal, atingindo na gasolina 95 os 25 cêntimos por litro!
Nessa semana, o litro do gasóleo custava em média 1,38 euros nos postos portugueses, e 1,24 euros/litro nos espanhóis, quando, antes de impostos e taxas, o diferencial era no sentido oposto – em Portugal custava 0,652 euros/litro [LER_MAIS] e em Espanha 0,659 euros/litro.
Mas o Governo também não pode ficar tão optimista pelo ritmo de crescimento da economia portuguesa (espera-se que o PIB cresça 2,3% este ano) continua a ser um dos mais ténues da Europa, devendo ser questionado porque é que num contexto europeu favorável o ritmo de crescimento em Portugal não é melhor?
Porque é que o investimento público em Portugal está subjugado aos Fundos Europeus, sendo que, segundo dados recentes, no período 2015/2017 Portugal foi o País mais dependente dos fundos comunitários, atingindo 84% do investimento público?
Então, qual é a percentagem do Orçamento de Estado para despesas de investimento?
Aliás a resposta a esta questão é bastante fácil, bastando constatar a degradação constante, e preocupante, da prestação de serviços públicos, nas mais diversas áreas, seja a Saúde, Educação, Justiça ou Infraestruturas!
Ou não ser habilidoso e mostrar grande preocupação em fazer regressar os portugueses que emigraram, mas não explicar porque é que desde que é Primeiro-Ministro se mantem o mesmo número de pessoas que emigram, não se tendo verificado nenhuma alteração desde que governa o País!
Após uma ligeira quebra, coincidente com a saída da fase recessiva do ciclo económico, os fluxos de emigrantes continuam a manter-se a um ritmo superior a 100.000 por ano, sendo a segunda maior taxa emigratória (22,3%), logo a seguir a Malta, entre os países da União Europeia.
Ou como vai gerindo as promessas fáceis, ver a recente polémica com professores, pois até parece que não se preocuparam em fazer as contas e perceber qual o real impacto da contagem de todo o tempo de serviço!
Para quem tanto propaga a palavra dada…
Julgo que estes são alguns, bons exemplos, para cairmos na realidade e questionar, muito seriamente, afinal onde está o País das Maravilhas.
*Economista e presidente da distrital de Leiria do PSD