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Home Abertura

Olga, Natalia e Veronika. Estas famílias de Leiria são a Ucrânia, a Rússia e Portugal no mesmo amor e sangue

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Março 4, 2022
em Abertura
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Olga, Natalia e Veronika. Estas famílias de Leiria são a Ucrânia, a Rússia e Portugal no mesmo amor e sangue
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Domingo, quarto andamento da invasão da Ucrânia pela Rússia, o centro de Leiria é um mar de solidariedade em azul e amarelo durante a vigília contra a guerra na Europa. A Praça Rodrigues Lobo está cheia. Cada vela a iluminar a noite torna-se um protesto na escuridão onde se acumulam mortos e feridos.

As imagens do conflito projectadas no ecrã gigante mostram a cidade de origem de Olga Zitieva e a destruição causada pela ofensiva, muito além de alvos estratégicos militares. “Foi atacada uma escola, um jardim infantil, casas e o cinema teatro”, explica ao JORNAL DE LEIRIA, enquanto o marido, português, a protege com um braço sobre os ombros. O cartaz que exibem a duas mãos compara Putin a Hitler e ela critica o “medo” e a “concordância silenciosa” do povo russo, perante a desumanidade de quem o governa.

“Cada ucraniano, quase, tem família na Rússia, não todos, mas 95 por cento. Como a minha família, pai russo e mãe ucraniana, mas sou profundamente ucraniana e não aceito a ocupação. Tenho sangue 50% russo, mas sou 100% ucraniana”.

O Mundo espanta-se sob a ameaça nuclear. Depois dos relatos que lhe chegam por telefone da região mais perto da fronteira com a Bielorrússia, de bombardeamentos e noites em abrigos subterrâneos, o coração sufocado de Olga Zitieva sofre agora, sobretudo, pelo irmão mais velho, Constantin, de quem já não ouve a voz há mais de 24 horas. Reservista, está mobilizado na frente de combate, aos 54 anos.

Natália Novikova: “ Não tomo partido, quero ajudar as pessoas”

No distrito de Leiria vivem 2.980 cidadãos ucranianos em situação legal, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que se referem a 2020. Constituem a segunda maior comunidade estrangeira, só atrás do Brasil. No acesso à Praça Rodrigues Lobo, como quem adere à resistência, Natalia Novikova prossegue a preparação da vigília que está prestes a começar.

Nasceu na Rússia e é uma das mais activas voluntárias junto da população ucraniana em Leiria. Colabora a organizar os transportes que vão trazer refugiados para Portugal e contribui na recolha de bens com destino ao território em conflito, onde, segundo Kiev, já morreram mais de 350 civis, incluindo crianças. “Essa guerra não é guerra de russos e ucranianos, essa guerra é do ditador com o Mundo, de Putin com o Mundo. Portanto, não tomo partido. Quero ajudar as pessoas”.

O namorado, Dmytro Kovalchynskiy, é ucraniano. E ela garante, sobre a operação iniciada por Moscovo na quinta-feira, 24 de Fevereiro: “Não há diferença de opinião, porque estamos pela paz”. Mais do que as palavras, são as acções que lhe conferem verdade. “Neste momento nem sequer temos tempo para discutir ou pensar no assunto porque estamos empenhados em ajudar”.

Dmytro encontra-se entretanto na estrada, entre Portugal e a Ucrânia, a conduzir um carro para resgatar os que fogem das bombas. Estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), ontem, apontavam para mais de 100 mil deslocados e mais de 836 mil refugiados ucranianos na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia. Em Leiria, decorrem campanhas de angariação de fundos para suportar os custos do combustível, das portagens e da alimentação.

“Temos aqui uma grande comunidade de ucranianos, que tem mulheres e filhos, a maior parte deles tem filhos lá, a ideia, para já, é trazer essas pessoas, porque têm alojamento e têm quem os acolhe”. Na fronteira ou ainda no interior do país, aguardam a boleia que Zelensky recusa.

Nalguns casos, são famílias surpreendidas a meio das férias na Ucrânia. “Os homens ficam, mas a mulheres querem regressar”, explica Natalia Novikova, para quem a separação de Dmytro também é um cenário iminente. “Ele quer ir, eu fico. A ajuda que podemos dar cá também é importante, na logística e alojamento”.

Alina Shevchenko: “Esta é a minha casa a ser bombardeada”

Com inúmeros países a enviarem armas e a situação nas principais cidades ucranianas a agravar-se, dois dias após a vigília na Praça Rodrigues Lobo um vídeo na internet mostrava a malha urbana de Kharkiv e uma coluna de fumo com origem num edifício de vários pisos. “É o prédio onde vivi desde os meus 16 anos e onde vivem os meus pais”, explica Alina Shevchenko, que partilhou as imagens online.

“É o meu prédio, o apartamento atingido é ao lado, do outro lado do elevador”. Há 15 anos a residir em Leiria, utilizou as redes sociais para denunciar a situação no país e na cidade onde cresceu, a segunda maior da Ucrânia, muito perto da fronteira com a Rússia: “Esta é a minha casa a ser bombardeada”.

Momentos depois de ver o vídeo pela primeira vez, Alina conseguiu, a partir de Portugal, falar por telefone com a mãe. “Estava a descer as escadas com a minha avó às costas”.

Fugiram para o local de trabalho do padrastro. Lograram escapar sem ferimentos. No mesmo dia, as autoridades ucranianas confirmaram pelo menos 11 mortes e também centenas de feridos em Kharkiv na sequência de um ataque com mísseis a bairros residenciais. Até à data, Alina tem conversado todos os dias com os familiares, aprisionados numa realidade com barreiras de controlo nas ruas, filas no acesso às lojas e já algumas prateleiras vazias. Queria tê-los por perto, em Portugal, sabe que é improvável.

“Tenho noção que eles não conseguem”. As distâncias a percorrer até à União Europeia são grandes e, por outro lado, não podem deixar para trás familiares mais velhos que provavelmente não aguentariam o esforço. A quem está longe, resta esperar que o bom senso prevaleça. “Não é guerra entre povos, somos todos irmãos”.

Veronika Zhukova: “Podem morrer à fome e não por causa das bombas”

Na Quinta do Alçada, em Leiria, não só Nataliya e Veronika Zhukova (mãe e filha) recebem clientes de várias nacionalidades do Leste da Europa no salão de cabeleireiros de que são proprietárias, como elas próprias representam a parcela ucraniana de uma família com mais do que uma bandeira.

O pai de Veronika é natural da Rússia, a família da mãe está na região de Kiev – avó materna, tios, primos. “Hoje sei que eles estão bem, eles mandam uma mensagem, está tudo bem. Mas a minha maior preocupação é que a alimentação vai acabar. Eles podem morrer à fome e não por causa das bombas”, lamenta.

“Não conseguem pegar no carro e ir até à fronteira porque fica a mil quilómetros, têm medo de ser bombardeados ou mortos”. E quem o consegue, para escapar ao terror, paga um preço. “É um acto de coragem sair do país e deixar tudo para trás”. Veronika está em Portugal há 20 anos, desde os oito anos de idade. Soma amigos portugueses e também amigos russos, com quem partilha a incompreensão pelos acontecimentos dos últimos dias. “Não entendem. Não é o povo que quer a guerra, é Putin”.

Pode a ousadia de um autocrata dividir a família que é tanto russa como ucraniana? “Não…. eu não falei com a parte russa, mas tenho a certeza que eles estão contra isto”.

Na Ucrânia, Veronika tem um tio a combater e vários amigos envolvidos na frente, incluindo um amigo “do coração”, em Kiev. “É uma opção dele, tem 27 anos. Voluntariamente foi buscar a arma e vai lutar pela Ucrânia”.

 

 

De Leiria para a guerra
“Vou para a Ucrânia, vou lá lutar”
Para os homens nascidos na Ucrânia que vêem a guerra à distância, por se encontrarem imigrados em Portugal e noutros países, um outro conflito toma conta do coração e da mente. Por um lado, é aqui que têm a vida organizada e, muitos deles, mulher e filhos; por outro, assistem à destruição da nação de origem, onde, quase sempre, mantêm ligações afectivas muito fortes, com familiares e amigos.
Enquanto na Ucrânia os homens entre os 18 e os 60 anos de idade estão impedidos de abandonar o país, por cá o regresso é uma escolha complexa, mas há quem já a tenha fechado, como é o caso de Viktor Batsyus, 41 anos, há duas décadas em Leiria: “Vou para a Ucrânia, vou deixar o meu trabalho e vou para lá. Os meus filhos já estão crescidos, já posso ir. Vou lá lutar, vou ficar lá. Não fui em 2014, mas vou agora”.
E conclui: “Vou defender a minha terra, não tenho medo. Sei combater, fui ensinado”. Para o amigo Vlad Oliinyk, bastante mais novo, que tem a família em Leiria, a decisão revela-se impossível. “Eu ia, se não tivesse aqui ninguém Não só eu, muita gente também ia. Tenho aqui a minha família, não posso ir”. É originário de Donetsk e garante que a região de Donbas “não é deles”, os russos. “Ninguém quer isso”, assegura. “Tem pessoas que pensam que a vida vai ser melhor e querem entrar na Rússia, mas são poucas”.
Etiquetas: aberturaconflitoguerrapazrússiasociedadeucrâniavigília
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