A onda de furtos que tem assolado a freguesia de Mira de Aire, no concelho de Porto de Mós, está a deixar a população alarmada. Só no mês de Janeiro, a GNR recebeu nove ocorrências, ou seja, um terço do número registado em 2023, ano em que foram participadas 24 situações. Nem mesmo a detenção de um homem, suspeito da autoria de 20 furtos e que ficou em prisão preventiva, trouxe tranquilidade aos moradores.
“Prenderam-no e, no dia seguinte, em pleno dia a farmácia foi assaltada”, relata Cidália Carreira, proprietária de uma loja de venda de flores e de artigos têxteis, assaltada três vezes “em menos de um mês”. A comerciante conta que, nas primeiras duas ocorrências, “levaram uns trocos” que tinha na caixa registadora e na última, “como não tinha dinheiro”, furtaram material.
O mesmo aconteceu com outra lojista, a quem furtaram algum dinheiro e carne. “As pessoas têm medo. Prenderam um, mas não acredito que ele fizesse as coisas sozinho”, diz a moradora, que lamenta que a vila tenha perdido “a pacatez” de outros tempos
“Tem sido um desassossego. As pessoas sentem-se receosas e com razão”, reforçam João e Sílvia Mendes, cuja casa foi alvo de uma tentativa de assalto.
O sentimento de insegurança motivou a criação de uma petição, já subscrita por cerca de uma centena de pessoas, dirigida ao Governo, Câmara de Porto de Mós e Junta de Mira de Aire, onde se pede que as entidades tomem medidas para combater o problema.
“É impossível continuar a viver assim nesta insegurança”, pode ler-se na petição, onde se lamenta que a “pacata” vila esteja agora “mais perigosa e assustadora”. Entretanto, foi também criado um grupo de facebook, denominado “Juntos por Mira de Aire! Contra os roubos”, onde se defende a realização de “vigilâncias nocturna”.
“Não vamos partir para agressão, mas vamos vigiar o que é nosso”, refere uma das administradoras do grupo que pede para não ser identificada. O presidente da junta pede calma e que não se avance com medidas que podem “dar mau resultado”.
“Havendo forças de segurança no terreno, não vemos necessidade de intervir. O problema é que os processos demoram e as vítimas gostavam de ter respostas mais céleres”, diz Alcides Vieira, referindo que a autarquia tem pedido o reforço do patrulhamento à GNR.
O autarca admite ainda que os números oficiais estão “aquém” da realidade, já que “há quem não apresente queixa com receio de retaliações”.