É o segundo ensaio na Escola Básica de Carvide e os alunos seguem atentamente as orientações de Nélson Caetano para acompanhar a base da canção que se escuta na sala de aula, uma versão de “Get Lucky”, dos Daft Punk.
Dez crianças, entre os seis e os nove anos de idade, com ascendência portuguesa, brasileira e romena, constituem um dos dois grupos envolvidos naquela que é apresentada como a primeira orquestra Orff do concelho de Leiria. O outro funciona na Serra do Porto de Urso, com 14 elementos.
A estreia perante o público, segundo o professor, vai acontecer brevemente. “Em princípio, dia 24 de Junho”.
O método de Carl Orff (1895-1982) procura tornar o ensino mais acessível e a iniciativa de o adoptar no concelho de Leiria é da Coopmúsica, fundada por Rui Lavos, Joana Estevinho e Nélson Caetano para dinamizar os estudos musicais nas freguesias de Monte Real e Carvide, desde logo, na escola pública e no primeiro ciclo.
“A música traz muitos benefícios no crescimento da criança, a todos os níveis, é uma mais-valia”, sublinha Rui Lavos.
Nas orquestras Orff, predominam instrumentos de percussão como o xilofone, o jogo de sinos, a maraca ou o triângulo, que são baratos e fáceis de manusear. “Crianças mais pequenas e com menos conhecimentos de música, podem tocar”, assinala Joana Estevinho. “O truque é mesmo esse: uma coisa simples, cada criança se integra num grupo e o todo fazer aquilo que conseguimos ouvir. Muito trabalho de equipa. Os miúdos andam cada vez mais isolados nas tecnologias e aqui são obrigados a respeitar o outro, a ouvir, a esperar, a coordenar. Todos temos um papel que é importante”.
A candidatura ao Pro Leiria garantiu à Coopmúsica um apoio do Município de Leiria no valor de 5 mil euros, mas o orçamento inicial do projecto, que arrancou há um mês, é de 10 mil euros, necessários para adquirir instrumentos e remunerar os professores. Ou seja, falta metade. “Estamos a tentar arranjar donativos”, explicam os promotores ao JORNAL DE LEIRIA.
Quando terminar o terceiro período, prevê-se que o projecto seja avaliado por professores, alunos e encarregados de educação, mas é certo que será retomado depois das férias de Verão, em Setembro. No final do ano, ainda em 2023, deverá ocorrer outro momento de avaliação. E, também, nova apresentação ao vivo, com o propósito de incentivar o contacto com a música “de forma participativa”.
Os fundadores da Coopmúsica vêem na orquestra Orff um veículo de mediação social, capaz de oferecer actividades de grupo entre pares, num ambiente, o da sala de aula, que é cada vez mais multicultural.
“Promovendo a cooperação, a partilha de ideias e o respeito pelas diferenças, as crianças têm a oportunidade de aprender a estar e a ser indivíduos com uma participação activa não só em ambiente escolar, mas também na comunidade”, salientam.
Os objectivos resumem-se com poucas palavras: “música para todos”.