Quer ser “o melhor a nível mundial”. E, para isso, tem usado todas as coordenadas para trilhar um percurso de sucesso.
Tomás Lima, de 21 anos e natural de Braga, é um dos atletas do Clube de Orientação do Centro, de Leiria, que está a dar que falar no mundo da orientação.
A modalidade, confessa, “ainda é pouco conhecida em Portugal”, mas isso nunca foi razão para baixar os braços.
Começou a aventurar-se pelas florestas com dois amigos e um mapa na mão, à ‘boleia’ do encanto dos pais, e rapidamente percebeu que isto ia ser o seu futuro.
“Muito mais do que uma brincadeira”, diz que entendeu porque “é considerado um desporto sério em vários países”.
Para trás ficaram alguns anos dedicados a outras andanças, desde o rugby ao badminton, sem esquecer o futebol onde até foi chamado à selecção distrital.
Aos 15 anos teve de escolher e foi intransigente na aposta pela modalidade que o faz sorrir. Um ano depois estreou-se com as cores portuguesas no europeu de jovens, seguindo-se mais de uma dezena de internacionalizações, entre europeus e mundiais de escalões de formação e de seniores.
A nível nacional, guardava o sabor amargo de “acreditar que podia ter feito melhor” quando alcançou o sexto lugar em 2017 e de “perceber claramente que podia ter o título” quando perdeu a conquista por apenas cinco segundos no ano passado.
A vontade espelhou-se em “muito trabalho” e, no último fim-de-semana, não deixou margens para dúvidas ao arrebatar o título de campeão nacional absoluto de orientação, na prova realizada em Viana do Castelo.
“Feliz” com a conquista, Tomás Lima lamenta apenas que a modalidade “não seja reconhecida nem este ja a crescer” em Portugal.
“Já corri em 17 países da Europa e da Ásia e sinto que lá fora há uma ligação completamente diferente com a natureza. Aqui parece que as pessoas têm medo de ir para a floresta, dizem para ter cuidado com os lobos e os javalis, e isso não faz sentido nenhum”, explica.
Ciente de que “a mentalidade está a começar a mudar”, desafia os conterrâneos a “explorar a natureza e, quem sabe, a modalidade”.
“Orientação? Se as pessoas conhecessem melhor ficavam apaixonadas. Passa por ser sempre o melhor possível, tanto na parte física, a correr, mas também na parte mental que é muito importante”, tenta traduzir.
“É diferente do trail, onde há as fitas. Na orientação recebemos um mapa cartografado e, com o auxílio da bússola, temos de passar pela ordem correcta nos pontos de controlo assinalados, no menor tempo possível e sem erros”, desmistifica.
De olhos postos “nos próximos objectivos, como ser o melhor no mundial”, o atleta que também representa uma equipa finlandesa, acrescenta apenas: “Infelizmente, neste momento, sinto que só faz sentido continuar nesta modalidade se conseguir mudar de país para ter competição e evoluir”.
Atletas de Leiria brilham no nacional
Além da conquista de Tomás Lima, o Clube de Orientação do Centro (COC), de Leiria, brilhou no Campeonato Nacional Absoluto de Orientação ao arrebatar o primeiro e o segundo título colectivo, em feminino e masculino, respectivamente.
Nos resultados individuais, destaque ainda para Susana Pontes que se sagrou vice-campeã nacional, Patrícia Casalinho que fechou o pódio com a terceira posição, Anabela Vieito que foi 5.ª e Isabel António que terminou em 7.ª posição.