Há o do it yourself e depois há a sala de ensaios dos Lord of Confusion, escavada com as próprias mãos e finalizada pelos músicos, que também assinam o artwork do álbum de estreia, o merchandise e o primeiro videoclipe.
E tudo com sucesso. A plataforma digital Bandcamp está a ajudá-los a chegar, literalmente, mais longe. Reino Unido, França, Itália, mas, sobretudo, os Estados Unidos, são, além de Portugal, os países onde mais se escuta a banda que no sábado, 21 de Janeiro, toca no Teatro Miguel Franco.
Carlota Sousa (voz e teclados), Danilo Sousa (guitarra), João Fonseca (voz e baixo) e Nélson Figueiredo (bateria) praticam uma sonoridade de nicho, que é um subgénero do heavy metal – o doom, que é raro, talvez mesmo inédito, em Leiria.
No Teatro Miguel Franco, vão apresentar o primeiro longa-duração, lançado em Setembro com o título Evil Mystery e já revelado, também ao vivo, em Espanha e França, durante uma digressão de dez dias no último Outono.
“Uma loucura”, segundo o baterista, Nélson Figueiredo, “das melhores experiências” vividas por Carlota Sousa até hoje, nas palavras da teclista e vocalista.
O timbre de Carlota Sousa, grave e imponente, mas limpo, sem o estilo gutural que é comum noutras bandas do género, e que João Fonseca, por exemplo, utiliza, também contribui para diferenciar o som dos Lord of Confusion, que eles próprios definem com “doom metal psicadélico” e “old school” e que ela caracteriza como “um jogo de harmonias e de olhares”.
Em 2021 apresentaram-se no Teatro José Lúcio da Silva na mesma noite de Gaerea (actualmente, uma das mais importantes bandas portuguesas de metal) e no balanço de 2022, o colectivo com ligações aos concelhos de Leiria, Porto de Mós e Alcobaça, que ensaia em Casal do Alho, Juncal, não tem dúvidas em falar do melhor ano que poderiam ter tido. Além de ser o ano com maior número de concertos, cerca de duas dezenas, incluindo a experiência de tocar num festival, foi também o ano da primeira tour europeia, durante o qual gravaram e lançaram o álbum de estreia, um live take e dois singles, um deles com videoclipe, e assinaram por duas editoras: a Morbid and Miserable, dos Estados Unidos, e a portuguesa Gruesome, do Porto.
“Tivemos mais promoção, chegámos muito mais longe, passámos em muito mais rádios estrangeiras, tivemos muito mais reviews”, resume Danilo Sousa.
Em comparação com o EP Burnin’ Valley, de 2019, Evil Mystery está “mais pesado”, segundo João Fonseca, baseia-se mais em “contratempos”, realça Nélson Figueiredo, soa mais experimental e deixa para trás, em definitivo, as influências do chamado rock stoner. Melhor produzido, melhor tocado, está também melhor a nível de composição, acreditam os quatro Lord of Confusion. Outra novidade é a voz de João Fonseca, que só se juntou à banda depois de Burnin’ Valley.
Voltaram da digressão – onde tocaram em bares e okupas – mais unidos e esperam em 2023 regressar aos concertos no estrangeiro. Para já, está confirmada a presença num festival em Viseu. E a noite do próximo sábado, em que vão partilhar o palco com The Quartet of Woah, de Lisboa.