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Os Santos de Isabel

António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Janeiro 9, 2020
em Opinião
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Tomava o banho matinal em águas termais, tépidas e aromatizadas, encanadas em prata e vertidas em tinas de alabastro cristalino.

Cobria a nudez com finas sedas orientais, abundantemente drapejadas e brocadas com gemas resplandecentes. 

Comia tenras carnes de intensos temperos, fruta fresca e sumarenta, doces iguarias de amêndoas e mel.

A vida, como uma amena brisa primaveril, deslizava suavemente pelo quotidiano da rainha, sem atritos nem apuros, desde o princípio dos seus dias até essa remota lonjura da morte, tão distante quanto a eternidade.

Todos os dias a rainha saía em passeio pela vastidão do seu plúmbeo reino, coberto pela negrura da penúria e oprimido pela canga da fome.

Nas ruas, entre imensas pilhas de imundice, cirandavam sem destino os santos despojos da guerra. Rotos e sujos, órfãos de rosto remeloso cravavam o olhar no vazio e os pés nas fétidas águas dos esgotos.

Tristes e desalentadas, as viúvas, sem nada que pudessem mendigar, deambulavam sem rumo entre a obscenidade da apatia e a sordidez do prostíbulo.

Magros e amargurados, os homens, amontoados entre os escombros, cobriam com trapos sebentos os corpos mutilados, continuamente chorando a juventude perdida e a velhice precoce.

Fotografia de: Ricardo Graça

A vida, como um moribundo no campo de batalha, arrastava-se cadavericamente pela penosa existência dos despojos, esvaindo-se em dores e lamentos, desde onde a memória alcançava até ao fim da sua história.

Vendo a miséria daqueles despojos, a todos se dirigia a rainha, revelando o aconchego do seu colo e a ternura do seu sorriso.

Perguntava então aos pobres e famintos se tinham com que se alimentar. Mas, no seu desespero, os despojos não mais podiam revelar senão a tristeza das suas escassas côdeas.

Nesse momento, a rainha aproximava-se, e de olhos dardejantes a todos rapidamente suprimia o parco pão. Todas as noites, de regaço inchado abarrotando de pão, a rainha regressava ao seu palácio.

Daquela vez, todavia, o mundo, senhor seu rei e amancebado, despertou da sua habitual letargia e inquiriu sobre tamanho fardo.

Casta, esplêndida e monumental, a rainha aproximou então os seus mornos lábios dos ouvidos do rei.

Afetuosamente, sussurrou: “São rosas, senhor, são rosas”.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990

 

Etiquetas: actualidadeangolaAntónio GinjaIsabelLuandaopinião
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