De quinze em quinze dias, os docentes da Escola Básica de Alvaiázere e de Maçãs de Dona Maria, trocam de posição e sentam-se ao lado dos alunos. Acontece no tempo lectivo reservado à oferta complementar da escola, na qual o papel de professor é assumido por um pai ou outro familiar das crianças. E aí há espaço para as mais diversas actividades.
Essa hora tanto pode ser ocupada com uma sessão de leitura, jogos tradicionais, dramatização de histórias, culinária ou dança, como por trabalhos manuais, râguebi, bordados, confecção de queijos… Ou seja, o que a imaginação e o talento dos pais permitir.
O projecto Pais na Escola, que garantiu à EB de Alvaiázere uma menção honrosa atribuída pelo programa Escola Amiga da Criança, nasceu há três anos com o objectivo de aumentar a participação dos pais e encarregados de educação na vida escolar dos filhos.
Fátima Gonçalves, adjunta do Agrupamento de Escola de Alvaiázere, conta que a iniciativa surgiu no âmbito do plano nacional para a promoção do sucesso escolar. “Um dos problemas que identificámos estava relacionado com a pouca participação dos pais. Normalmente só vinham no momento das avaliações ou quando havia um problema”, refere a docente.
Três anos depois, a realidade é um pouco diferente. “Há uma grelha, que os pais preenchem conforme a sua disponibilidade, assumindo, quinzenalmente, a oferta completar. Quando não podem vir os pais, vem um avô, um tio ou um irmão mais velho”, conta Fátima Gonçalves, reconhecendo que se nota hoje um envolvimento “muito maior” da família.
“Não há milagres, mas o projecto tem tido o mérito de pôr pais e escola a trabalhar em conjunto.” Mãe de três filhos – um no pré-escolar e dois no 1.º ciclo -, Rita Gabriela também faz um balanço muito positivo do projecto, que o agrupamento está também a procurar estender ao 2.º ciclo, embora em moldes diferentes.
"Permitiu sintonizar os pais com a vida diária da escola. [LER_MAIS] Este reforço da ligação escola-casa e do trabalho em equipa ajuda a resolver alguns problemas que surjam, muitas vezes, ainda na fase inicial. Essa ligação está hoje mais forte e constante”, diz aquela encarregada de educação.
Rita Gabriela conta que no início os pais estavam um pouco reticentes, sobretudo pela “falta de tempo”, uma vez que a oferta complementar está inserida no horário da escola, mas hoje essa questão já não se coloca. E as crianças agradecem e reconhecem esse esforço.
“Este envolvimento dos pais é motivo de orgulho para os filhos”, nota esta mãe, que acredita que projectos como este permitem desenvolver competências “tão ou mais importantes” do que aquelas que se traduzem nas pautas.
“As notas são um número, que traduzem momentos de avaliação, mas que deixam de fora competências que vão além da Matemática ou do Português, por exemplo. Cada vez mais, precisamos de dar às nossas crianças e jovens outras ferramentas, para que consigam ultrapassar os obstáculos que lhes vão surgir ao longo da vida.”
Além de 'leccionarem' a disciplina de oferta completar, os pais participam activamente em diversas actividades de articulação entre o pré-escolar e o 1.º ciclo, como a comemoração de datas festivas, a elaboração de fatos de Carnaval ou a recriação da desfolhada.
No pré-escolar, os pais estão também envolvidos no projecto Redescobrir o Chicharro nas Terras de Alvaiázere, no âmbito da participação no Prémio Fundação Ilídio Pinho – Ciência na Escola.