– Já não há paciência … para tanta impaciência. (Sim, tenho noção da natureza complicada desta afirmação, bem como da sua incoerência relativamente ao próximo parágrafo.)
– Detesto… que as pessoas andem devagar no meio do caminho. Sobretudo em túneis do metro quando tenho pressa, ou em passeios estreitos que não permitem a ultrapassagem. Se calhar absorvi mais da cultura britânica do que pensava. Ou então tenho de apresentar queixa aos meus pais por me terem dado pernas compridas e bichos carpinteiros.
– Questiono-me se… “abertura fácil” é uma piada na maior parte das embalagens ou se a piada é a minha incapacidade de as abrir sem fazer asneira.
– Adoro… o catalão. Não esperava apaixonar-me tão loucamente por uma língua nova com esta idade, mas aconteceu. O que era fantástico era que o Duolingo me ensinasse a pedir um café ou a explicar que ainda não domino a língua, em vez de me ensinar a perguntar a alguém se já saiu da prisão ou a professar o meu amor por tartarugas azuis.
– Lembro-me tantas vezes… da importância de lembrar. Se todos nos dedicássemos um bocadinho mais a entender a história (a nossa e a do mundo), certamente não cometeríamos tantos erros (individuais e coletivos).
– Desejo secretamente… que apareça um vírus novo que mate a intolerância e que desfaça o medo da diferença. E que haja festivais para acelerar o contágio. Com música boa e copos reutilizáveis, claro.
– Tenho saudades… permanentes onde quer que esteja, porque tenho o coração espalhado pelo mundo fora, repartido entre pessoas e paisagens que fazem parte de mim e que nunca podem estar todas no mesmo sítio e ao mesmo tempo. São saudades boas. Sinais de sorte, de amor e de vida.
– O medo que tive… quando dei conta que não podia dar como adquiridas as vitórias do movimento pela igualdade de género. Tive e tenho. Afinal, o progresso não é inevitável. Oxalá a resistência seja.
– Sinto vergonha alheia… quando alguém é ofensivo por ignorância e se recusa a aprender.
– O futuro… não pode ser imaginado apenas em termos de distopia. Vamos lá dar um descanso aos livros, filmes e séries sobre o fim do mundo e começar a dedicar mais criatividade, tempo e energia à utopia. Ao contrário do que dizia Margaret Thatcher, há alternativas. Só temos de as imaginar.
– Se eu encontrar... livros de Vergílio Ferreira traduzidos para inglês, vou oferecê-los como prenda de anos e Natal a todos os meus amigos que não falam português … durante um ano (ou dez).
– Prometo… que nunca vou fazer promessas que não tenciono cumprir. (Sim, a dos livros é muito a sério.)
– Tenho orgulho… nas crianças e jovens que, perante a irresponsabilidade e inércia dos mais velhos, não hesitam em fazer-se ativistas e lutar por um mundo melhor. Não deviam ter de o fazer… mas isso é outra história.