– Já não há paciência… para a falta de paciência. Cada vez se aprecia menos o passar do tempo, já não se sabe estar, esperar ou apreciar. Já não se sabe ter paciência para coisa nenhuma. Tudo tem de estar pronto na hora, tudo é para ontem, ou para antes de antes de ontem.
– Detesto… inércia e pessimismo. Tenho esta espécie de aversão a pessoas que têm pena de si próprias. Que vêem sempre, invariavelmente, o lado mau de tudo. Que estão em constante crítica desinformada, e que não fazem rigorosamente nada para mudar coisa alguma.
– A ideia… é nunca parar de sonhar. Sonhar, idealizar, planear e concretizar.
– Questiono-me se… nos questionamos o suficiente. Tenho a sensação de que fazemos cada vez menos perguntas. Parece que aos poucos perdemos a curiosidade de tudo, a vontade de ouvir e de querer saber. Talvez por termos as respostas (fáceis) na ponta do dedo, ou da língua.
– Adoro… pessoas. E histórias. E histórias de pessoas. Pessoas que atravessaram coisas incríveis, que são resilientes e mesmo assim apaixonadas pela vida. Adoro também pessoas que contam histórias. E que têm a capacidade de nos fazer vivê-las através das suas palavras. Qualquer que seja o canal. Adoro poesia simples mas repleta de sentimento. Adoro palavras que me façam sentir coisas, que me levem a lugares, que me deixem a pensar, e com vontade de ler uma e outra vez. Ah! E adoro sushi, cozido à portuguesa e um bom copo de vinho.
– Lembro-me tantas vezes… das minhas origens. Sou “de uma aldeia perdida na beira” (sempre quis citar Tony Carreira) que se chama Sezures. É à beira de Esmolfe, a terra da maçã Bravo de Esmolfe sabem? Provavelmente não. Mas é o melhor sítio do mundo. Garanto-vos!
– Desejo secretamente… que a pandemia acabe. Por esta não esperavam hã? Até parece que mais alguém deseja isto. Ou que não é um segredo…
– Tenho saudades… de pessoas que já cá não estão. Como do meu avô e dos seus bonitos olhos azuis. E do meu amigo João. Mas, se cá estivesse, o João não ia gostar nada disto, agora já nem podemos ir beber uma cerveja à bomba de gasolina depois das duas da manhã.
– O medo que tive… sempre me concretizou sonhos. Parece estranho dito assim, mas eu acredito que tudo o que verdadeiramente nos pode mudar a vida, nos assusta terrivelmente antes. O segredo é ir, com medo, mas ir sempre! Foi cliché isto, não foi?
– Sinto vergonha alheia… de machismo, racismo, homofobia, xenofobia, fanatismos de qualquer espécie, arrogância, ganância, falta de educação, falta de humildade, falta de verdade.
– O futuro… é amanhã. Isto passa rápido e não nos vale de muito pensar o futuro como uma coisa distante. Pensar que o futuro é amanhã ajuda nas ansiedades e no relativizar das coisas. Ajuda a ir levando a vida, um dia de cada vez.
– Se eu encontrar… provavelmente vou perder outra vez. Mas está tudo bem com isso. A vida é feita de encontros e desencontros. De tropeções, de quedas e de valentes gargalhadas. Pelo menos a minha é.
– Prometo… morrer. É de facto a única promessa que posso fazer com certeza incontestável. Pode parecer pessimismo mas não é. Habitualmente não gosto de fazer promessas, é só isso. Mudo de ideias demasiado rápido. Não sou de confiança. Morrer é mesmo a única coisa que posso prometer.
– Tenho orgulho… em mim. Sim, é verdade. Queria aproveitar para deixar isto, literalmente, por escrito. Tenho orgulho no meu percurso, na minha forma apaixonada de viver a vida, de lutar pelas minhas causas e pelas minhas pessoas. Levei anos a conseguir dizer isto (mais precisamente 32). Mas acho que todos devíamos olhar para dentro e ter orgulho em nós. Porque todos temos motivos de orgulho. Excepto o Trump. Mas isso, é outra conversa.