– Já não há paciência… para ouvir a Dra. Graça Freitas dizer que os professores não são vacinados porque a escola não é um local de risco; nem há pachorra para esperar a hora em que poderei marcar umas férias para uma praia secreta nas Seychelles.
– Detesto… que não seja verão todo o ano, mas também detesto quando se esgotam os meus biscoitos favoritos numa cadeia de supermercados ali na rotunda ao pé das escolas.
– A ideia… era ganhar a lotaria, mas esqueço-me de comprar porque se vou à papelaria, ponho-me a folhear revistas de fotografia. Mas a ideia agora é usar baton vermelho porque vai condizer até com os boxers.
– Questiono-me se… a minha avó, se fosse viva, admitiria que o governo não permitisse a venda de cafezinho pelo postigo; ela que tanto adorava portas com o dito. Mas dando o dito pelo não dito, “antes prefiro” bebê-lo em casa.
– Adoro… praia, muita praia e água de coco (que era tão mais vegetal com acento circunflexo), mas adorar agora é curtir e eu curtia era ver mais uma temporada do Osark na Netflix.
– Lembro-me tantas vezes… do pão de ló de 24 gemas da minha mãe e do que eu seria se não fosse o que sou, que dou por mim a nunca passar dos 29 anos. Na verdade já fiz 30.
– Desejo secretamente… o momento em que possa voltar a dar abraços e beijos aos quilos, mas continuar a poder usar máscara na rua em pleno inverno.
– Tenho saudades… daquele troço do circuito Polis à beira-rio, ali por trás de Santo Agostinho até São Romão… ai que bem eu lá caminhava e respirava!
– O medo que tive… do piri-piri a arder na língua quando a minha mãe me ouviu a primeira asneira, fez com que hoje só me apeteça dizê-las quando me deixam a escola aberta em tempos de pandemia.
– Sinto vergonha alheia… dos que abusam do viestes, fostes, fizestes e ainda “hadem” dizer mais asneiras quando “o comer” se lhes arrefecer no prato. Prontos!
– O futuro… é uma bola colorida nas mãos duma criança, porque tudo o que o Gedeão escrevia estava cientifica e pragmaticamente certo.
– Se eu encontrar… uma amiga que me traga da candonga uma vacina contra o tal vírus, juro que não a suborno.
– Prometo… que não vou entrar no meu Banco de gorro e máscara preta e que assaltos só os farei à lata das bolachas pela noite dentro. Só não prometo apetecer-me dar aulas até aos 66 vírgula 7.
– Tenho orgulho… aí de dois seres, assim p’ró giro, que pus no mundo e também de uns tantos a quem vou ensinando umas coisas; mas não escondo o orgulho do meu caril com manga e arroz basmati.