O valor do mercado do vending em Portugal deverá recuar cerca de 15% em 2020, situando-se nos 475 milhões de euros, que comparam com os 560 milhões do ano passado.
É o resultado do “impacto da pandemia da Covid-19, que provocou uma significativa deterioração do consumo privado e da actividade empresarial”, aponta a análise sectorial da Informa D&B.
“Só 15%? Penso que será mais”, atira Luís Rebelo, gerente da Rebelo Vending, empresa do concelho de Alcobaça que durante o estado de emergência sentiu uma quebra de 50% na actividade. “As empresas reduziram o seu pessoal, logo passou a haver menos gente a consumir”, diz o empresário, que explora máquinas de bebidas quentes e de snacks.
Com o desconfinamento a empresa foi retomando a actividade, que estende pela zona Centro, mas ainda longe dos níveis de antes da pandemia. Por isso, Luís Rebelo estima que no final do ano as quebras sejam de pelo menos 30%.
Foi com quebras desta ordem que a Paladar Ideal fechou o primeiro semestre. A empresa de Leiria explora máquinas de bebidas quentes e snacks na zona centro (área mais forte é a Marinha Grande) e César Cunha, gerente, admite que até pensou que com o encerramento dos cafés, durante o período de confinamento, o seu negócio pudesse crescer.
“Mas não. Muitas das empresas nossas clientes fizeram lay-off, pelo que passou a haver menos gente a recorrer às máquinas. Por outro lado, senti que as pessoas tinham medo de usar as máquinas de vending”, explana.
Sediada no concelho de Leiria, A Super 2000 e 2 actua na zona entre Viseu e Peniche e explora igualmente máquinas de bebidas quentes e snacks. “Neste momento estamos a colocar máscaras nas máquinas”, conta Anabela Romão.
[LER_MAIS] A gerente diz que a empresa cresceu nos últimos anos, muito graças aos seus parceiros, fabricantes dos produtos alimentares que vende, “que são muito flexíveis”.
Mas depois de anos de “crescimento razoável”, apesar do aumento da concorrência, registou-se uma “paragem brutal” durante o confinanento, pelo que este ano deverá terminar com quedas no negócio, que a responsável não consegue ainda quantificar.
Segundo o estudo da Informa D&B, “o contexto macroeconómico favorável e o aumento da actividade turística foram os principais factores que nos últimos anos dinamizaram a procura no sector de vending”.
O mercado nacional de exploração de máquinas de venda automática “é constituído por um grande número de pequenos operadores que exercem a sua actividade numa área geográfica determinada”.
A estes, junta-se um “reduzido número de empresas de média e grande dimensão que operam todo o território nacional com uma carteira de clientes diversificada em diversos segmentos de procura”, aponta o estudo da consultora.
Entre estas estará o Grupo BEL, “que tem na área da distribuição e vending a sua maior concentração de activos”. O Grupo, que até ao fecho da edição não foi possível ouvir, tem duas empresas de vending sediadas em Leiria. “Através de 12.000 pontos de venda, são distribuídos por todo o país uma vasta variedade de produtos, destacando-se produtos food&beverage and tobacco”, lê-se no seu site.
De acordo com a Informa D&B, “entre as empresas com mais máquinas contam-se as grossistas de tabaco, as quais introduziram o vending como um canal mais de distribuição, tendo ido gradualmente alargando os seus parques de máquinas”.
A quota de mercado conjunta dos cinco principais operadores rondava os 44% em 2019, passando para 56% quando considerados os dez principais, aponta o estudo.