Outras palavras que aprendi, pelos simples facto de serem parecidas com as nossas foram fassolada (feijoada), kravata (gravata), veranda (varanda), malaperna (usem a vossa imaginação).
E, papagalus, papagaio. E por falar em papagaios, umas das anedotas que mais gosto é daquela em que vai um papagaio e um homem num avião.
O homem é super cordial e simpático com a assistente de bordo e ela não lhe liga nada, nem lhe traz uma bebida, enquanto que o papagaio a ofende e lhe chama nomes, sendo atendido de imediato.
O homem vendo aquilo, imita o papagaio (!), conseguindo o mesmo efeito. Até nas piadas conseguimos ser ao mesmo tempo machistas, snobs e mal-educados.
Mais adiante e com toda a gente farta da malcriadagem (que palavra também!) os dois são expulsos do avião.
O homem cai mas o pássaro voa e a moral da história está no que o papagaio diz ao homem antes deste se despencar dos céus abaixo: “para quem não sabe voar, tens uma língua do …” e aqui usem a imaginação outra vez, se não vos molestar.
Nas últimas semanas e lides com quem entra em diálogo mudo comigo, tenho visto muito desta ave em todas as nacionalidades e lembrado-me muito da anedota quando nos pomos a saber um pouco mais daqueles que nos perseguem e ofendem.
Ter este conhecimento é um alívio, mas é um descanso perigoso pois rapidamente nos sentimos melhores e “mais” que os outros, entrando no pecado social da sobranceria.
Por outro lado, é uma triste constatação da realidade onde vivemos, onde preferimos torcer e quebrar a qualquer arranjo construtivo que nos enriqueça no tempo todo que gastamos a discutir e a falar mal de, e uns com os outros.
Vivemos numa gaiola. Dourada para alguns, cinzenta e fria para a maior parte. Cada um de nós aprendeu uma coisa. Uma palavra ou um conjunto de frase, que vamos repetindo até ficarmos sozinhos na escuridão dos estores fechados e das luzes apagadas de uma cozinha.
* músico, vocalista dos Moonspell