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Há vinte e oito anos que temos a sorte de ter o Acaso – Festival Internacional de Teatro a mostrar-nos coisas que de outra forma nunca veríamos ou a que dificilmente teríamos acesso. Umas vezes excelentes espectáculos e outras menos mas sempre excelentes motivos para conhecer outra gente e encontrarmos amigos e conhecidos de quem gostamos. Não creio que se possa pedir muito mais.
Este ano, contra muitas previsões, O Nariz – Teatro de Grupo fez um dos melhores festivais que registo. Assim mesmo, num equilíbrio notável entre oferta para todas as idades num leque muito abrangente de interesses e disponibilidades de leitura.
Dar os parabéns à Vitória Condeço e ao Pedro Oliveira que corporizam este imenso esforço de construção de ofertas teatrais, alargando experiências e horizontes aos diferentes públicos que tiveram o privilégio de nele participar é o mínimo que se pode fazer.
Dar os parabéns também a todos aqueles que apoiaram, em géneros ou dinheiro, o Acaso e assim o tornaram possível. É cada vez mais importante que os poderes públicos interiorizem uma velha máxima que reza (e vão-me desculpar a crueza) “sem amendoins não há macacos” e ajam con-sequentemente.
Podiam ter sido mais os apoios? Podiam ter sido mais substanciais? Não tenho dúvida nenhuma de que não só podiam como deviam. O público que encheu ou fez confortáveis e dignas plateias durante todo o evento tenho a certeza de que concordará comigo, os organizadores e os criadores tenho a certeza absoluta de que concordarão. Não é impossível que venha a acontecer.
Mas, convém acautelar que o gigantesco trabalho de construção de um evento deste tipo, falo do Acaso mas podia falar de outros Festivais, do Sinopse ou do Novos Ventos, do ExtraMuralhas ou da Porta, do Nascentes e por aí fora, não esgote até ao limite a determinação a inteligência e a força que requer. Um trabalho destes, se pensarmos um bocadinho, não tem preço. O município e os organismos do Estado têm plena consciência disto. Mais um esforço e actuarão conforme. Ao contrário do que muita gente me diz, não é impossível. Talvez.
