Um penálti dificultou o início de uma partida repleta de nervos que levou milhares de adeptos ao rubro entre o desejo de ir mais longe, a felicidade saltante de um golo desejado, o repúdio pelas atitudes anti-jogo e a dor de perder. O marcador apontava dois golos do Alverca contra um leiriense e o apito aos 97 minutos declarou a sentença, no último domingo, no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria: a União Desportiva de Leiria (UDL) adiou novamente o sonho de subir de divisão.
Perante mais de 15 mil pessoas, o relvado serviu de amparo à tristeza dos jogadores que se sentaram e deitaram no chão, alguns cobriram a desilusão com a camisola que enverga o castelo e muitos saíram de campo com as lágrimas nos olhos.
Mas antes de entrarem no túnel que os leva para um período de descanso da época, tiveram da bancada a prova de que Leiria consegue ser mais do que vitórias e recordes.
De pé, os adeptos aplaudiram o esforço da equipa, dos técnicos e da SAD que lutam por regressar aos tempos áureos do clube.
“Dói muito. Mas o sonho não acabou. Andamos aqui há muito tempo, o clube renasceu das cinzas, esteve nas distritais e tem lutado muito para subir mas o desporto também é feito de derrotas”, assume um dos adeptos que há quase duas décadas corre o País atrás da UDL. Ao fim de vários jogos com a ‘casa’ cheia de apoiantes, Rui Quinta, de 32 anos, não tem dúvidas que “este ano foi diferente e mexeu com as pessoas”. “No início da próxima época vamos ser outra vez poucos, mas tenho a certeza que seremos mais do que no início desta época”, acrescenta, sem deixar de criticar “o formato da competição que não premeia a regularidade” de uma equipa como a leiriense que venceu a primeira fase mas por ficar em segundo lugar na fase final precisava de dois ‘play-offs’ para subir de divisão.
“Parece que estamos sempre quase e nunca chegamos lá, começamos a não acreditar na subida de divisão”, acrescenta o sócio Francisco Prior, de 66 anos, confessando, emocionado, que desta vez não fez promessas nem chorou com a derrota.
“Temos um bom presidente, a direcção mexeu-se muito bem para unir as pessoas e isso foi a maior vitória desta época”, sublinha, garantindo que “a luta continua, havemos de lá chegar”.
Presidente da SAD considera derrota uma “frustração grande”
“É uma frustração grande”, assumiu o presidente da SAD na conferência de imprensa do final do jogo onde garantiu que o objectivo de “chegar à 1.ª Liga rapidamente” se mantém.
“A União de Leiria é neste momento um gigante que acordou”, sublinhou Armando Marques, ressalvando os “recordes de assistência” e certo de que conseguiram “transmitir à população de Leiria algo que há muitos anos ou no seu historial nunca existiu”.
“A mesma pessoa que assume o que foi o fracasso da época é a mesma pessoa que diz que tem muito orgulho naquilo que os leirienses tentaram ajudar a equipa a concretizar, que era o sonho de subir de divisão”, afirmou, garantindo que a equipa vai “lutar todos os dias para que isso seja concretizável.
Certo de que “o sucesso dá muito trabalho”, Armando Marques recordou que não é natural da cidade e lançou um repto às entidades para que façam “Leiria assumir-se, através do futebol, como uma verdadeira capital de distrito e seja a líder desta região Centro” que, com a descida da Académica à 3.ª Liga, passou a ter apenas um clube na 1.ª Liga (Arouca).
“Agradecer a toda a gente que nos apoiou durante esta época: não desistam, porque nós não desistimos e vamos todos aprumar uma equipa, remar para o mesmo sentido porque o sucesso está já ali”, acrescentou, sem responder à questão sobre a continuidade do treinador.
“Estamos muito tristes. O clube está a fazer de tudo para voltar aos patamares mais altos, mas, infelizmente, não conseguimos. Ainda assim, estou muito orgulhoso pelo que fizemos. Os jogadores deram tudo. Agradeço também aos adeptos por terem estado novamente em grande número no nosso estádio, batendo novamente o recorde de assistência em jogos da Liga 3”, disse em declarações ao canal 11 o técnico Bino Maçães, com contracto com a UDL até 30 de Junho de 2022.
Ao JORNAL DE LEIRIA, o capitão de equipa confessa que este resultado “foi difícil”. “Trabalhámos uma época inteira para conquistar o nosso objectivo e os muitos adeptos que nos vieram ver mereciam a vitória. Infelizmente não conseguimos, mas a nossa história não acaba aqui”, afirma o defesa João Dias, de 35 anos, para quem agora é tempo de “reflectir o que correu mal e recarregar baterias para a equipa voltar mais forte e trabalhar para dar alegrias às pessoas de Leiria, que tanto merecem”.